Câmara Hoje
05/12/2013
Especialistas afirmam que exploração de gás de xisto traz riscos para o meio ambiente e a saúde humana
No final de novembro, a Agência Nacional do Petróleo realizou um leilão para a exploração econômica de gás de xisto. Mas, segundo especialistas, a atividade oferece sérios riscos de contaminação. O assunto foi discutido hoje (5/12) na Câmara.
A Comissão de Meio Ambiente promoveu o debate para entender como será a exploração do gás de xisto. Para o Partido Verde, há risco de contaminação ambiental e para a saúde humana. O líder do PV, deputado Sarney Filho (PV-MA), quer apresentar um projeto de lei para suspender a atividade por cinco anos.
O gás de xisto é usado para produzir gás natural que serve de combustível para indústrias e veículos. Os Estados Unidos são o país com maior experiência na exploração do gás, mas outros países, como a França, proibiram a exploração, por causa dos riscos de contaminação ambiental.
Marcelo Moreira, do Ministério do Meio Ambiente, diz que para o Brasil, é uma tecnologia muito nova. “Essa é a nossa preocupação”.
A exploração do gás de xisto utiliza a técnica do fraturamento hidráulico. A usina precisar ficar perto de um grande reservatório de gás. O poço é instalado e a perfuração segue vertical até encontrar as rochas de xisto. A partir daí, a tubulação passa a ser horizontal. Grandes quantidades de água e produtos químicos são despejadas no duto. O jato de alta pressão provoca explosões que fragmentam a rocha e liberam o gás. Para que o buraco não se feche novamente, são injetadas grandes quantidades de areia.
As empresas que vão explorar o gás terão que desenvolver novos estudos sobre os riscos de contaminação em cada bloco. Uma das áreas mais disputadas foi a bacia do Rio Paraná, que fica em cima do maior reservatório de água subterrânea do mundo, o aquífero Guarani, que abastece as regiões Sul e Sudeste.
O professor Luiz Fernando Scheibe, da UFSC, diz que as empresas vencedoras do leilão vão ter direito à exploração do gás mesmo que novos estudos recomendem o contrário. Mas ele acha que o maior problema é outro. “Pra que tanta energia? Esse consumo absurdo de energia que nós temos é pra fazer o quê? Mais automóvel? Pra que lado a sociedade quer colocar o seu recurso?” — questiona o especialista.
O representante da Agência Nacional do Petróleo Luciano Teixeira defendeu a exploração do gás. A regulamentação da atividade deve ser publicada em janeiro. “Essa regulamentação se baseia em estudos para saber se a empresa está capacitada a realizar a atividade”.