Câmara Hoje
23/11/2010
Comissões debatem homofobia nas escolas
As Comissões de Direitos Humanos e Minorias; de Educação e Cultura; e de Legislação Participativa debatem hoje (23/11) à tarde, em audiência pública na Câmara, a homofobia nas escolas - preconceito e agressões físicas e psicológicas contra homossexuais. Parlamentares, autoridades e interessados participam do seminário Escola sem Homofobia. De acordo com o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), membro da Frente Parlamentar pela cidadania LGBT, é preciso endurecer a criminalização da prática da homofobia e fazer um trabalho pedagógico e político de respeito à pluralidade e à diversidade para combater o preconceito nas escolas. Ele afirma que a sociedade brasileira ainda é extremamente discriminatória e machista, mas que não se pode desistir de lutar por um comportamento mais libertário e aberto, defendendo concretamente as pessoas que têm outras opções de afeto. “Creio que o papel da Câmara é reforçar recursos para a educação, contribuindo para a atualização efetiva dos professores e para a incorporação dessa nova visão do mundo – pois os educadores precisam ajudar a lidar com situações de preconceito”. Para o deputado, uma educação democrática e generosa gera jovens também mais abertos, libertários e solidários
O presidente do Grupo Estruturação de Brasília, Michel Platini, explica que a homofobia afasta a comunidade LGBT da escola e cerceia o direito dessas pessoas existirem. “Há inclusive o histórico de vários jovens que cometeram suicídio por terem sofrido discriminação na escola”. Michel defende que todos sejam donos da escola e tenham experiências positivas nos bancos escolares. “A comunidade LGBT não deve carregar ranço de histórias ruins dentro da escola. Que os deputados possam estar do lado da sociedade, contra toda a forma de violência”.
Créditos:
- Mariana Przytyk - repórter
- Deputado Chico Alencar (Psol-RJ)
- Michel Platini - presidente do Grupo Estruturação
Rafaelly Wiest, de 26 anos, descobriu aos 14 que era diferente. Tinha nascido homem, mas se sentia mulher. Aos poucos assumiu a nova identidade e sofreu com isso. No ensino fundamental, pedia escolta na hora de voltar para casa com medo de agressão.
A homofobia é uma realidade em muitas escolas do País. Edith Modesto é mãe de um homossexual e também sofre com o preconceito. Ela criou uma associação que ajuda os pais a conviverem com o problema.
Uma pesquisa da Unesco mostra que: 39,6% dos estudantes masculinos não gostariam de ter um colega de classe homossexual; 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivessem um colega de classe homossexual; e 60% dos professores afirmaram não ter conhecimento suficiente para lidar com o assunto em sala de aula. No ano passado, o assunto foi tema de uma audiência pública. Os deputados discutiram formas de diminuir o preconceito na sala de aula, que, segundo especialistas, é um dos principais fatores de evasão escolar entre os homossexuais.
Créditos:
- Mariana Przytyk - repórter
- Rafaelly Wiest - Grupo Antra - Associação Nacional de Travestis e Homossexuais
- Edith Modesto - Grupo de Pais e Mães de Homossexuais
- Deputada Fátima Bezerra (PT-RN)