Câmara Hoje
05/11/2014
Calçadas também fazem parte do pacote mobilidade urbana
Quando falamos em mobilidade urbana, as pessoas pensam em transporte coletivo, pistas para automóveis ou ciclovias. Mas existe um tema em debate na Câmara que tem a ver com todos os moradores das cidades: quem deve ser o responsável pela construção e manutenção das calçadas, utilizadas por milhões de pessoas todos os dias?
A liberdade de locomoção é um direito fundamental assegurado pela Constituição Federal. Mas nas grandes cidades, o aumento da frota de veículos e o crescimento do comércio vêm reduzindo o espaço para os pedestres. Hoje, pela legislação em vigor, as calçadas são de responsabilidade do proprietário do imóvel que faz limite com o passeio público. Para rever essa situação, a Câmara discute algumas propostas que alteram as regras atuais.
- O Projeto de Lei 7699/06 altera o Estatuto da Cidade para propor que a União, em conjunto com Estados e Municípios, seja responsável pela construção e manutenção das calçadas.
- Outra mudança diz que os municípios devem ter um plano de rotas acessíveis que disponha sobre as calçadas a serem implantadas ou reformadas pelo poder público, priorizando as áreas de maior circulação de pedestres.
- Já o Projeto de Lei 5880/05 determina a colocação de piso tátil em torno de equipamentos como lixeiras e telefones públicos, instalados em calçadas. O objetivo da proposta é servir de alerta às pessoas cegas.
- E o Projeto de Lei 7968/14, que limita em 30% a ocupação de calçadas pelos estabelecimentos comerciais.
Durante Seminário Internacional sobre Mobilidade e Transportes, realizado pela Universidade de Brasília, em parceria com a Câmara dos Deputados, pesquisadores do Brasil e de outros países relataram experiências sobre cidades sustentáveis que privilegiam as calçadas, melhorando a qualidade de vida de toda a população. É o que defende o economista Eduardo Fernandez Silva, autor do livro Meio Ambiente e Mobilidade Urbana.
A professora Erika Kneib, da Universidade Federal de Goiás, acredita que calçada e cidadania andam juntas. Ela defende que, antes de se aprovar novas leis, o Poder Público cumpra a legislação já existente sobre mobilidade urbana.
Ana Paula Borba pesquisou a realidade dos passeios públicos no Brasil e na Europa. Ela defende uma padronização das calçadas, para evitar que cada pessoa ou prefeitura faça da forma que achar melhor, sem planejamento urbano.
Em um ponto os especialistas e legisladores concordam. A construção e manutenção das calçadas devem ser da responsabilidade dos governos, para que as cidades tenham um tratamento uniforme dos passeios públicos. É o que defende também a deputada Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo, relatora da Lei Brasileira de Inclusão.
Reportagem — Roberto Seabra