Reportagem Especial

Especial Sexualidade - Educação Sexual, Prevenção e DSTs - ( 06' 38" )

12/06/2006 - 00h00

  • Especial Sexualidade - Educação Sexual, Prevenção e DSTs - ( 06' 38" )

NESTA ÚLTIMA EDIÇÃO DO REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE A SEXUALIDADE DO BRASILEIRO, VAMOS FALAR SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL, PREVENÇÃO E DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS.

É melhor prevenir do que remediar. O velho ditado que se aplica a tantas situações, também é verdadeiro quando o assunto é sexo. Em uma sociedade em que a iniciação sexual acontece cada vez mais cedo, os casamentos mais tarde e continua a aumentar o número de gravidez na adolescência, passa a ser necessário falar de educação sexual preventiva.

O chefe da Unidade de Programa Nacional DST e AIDS do Ministério da Saúde, Dr. Valdir Pinto, explica que existe um programa de prevenção nas escolas, resultado de uma parceria do Ministério da Saúde com o Ministério de Educação. Segundo Dr. Valdir, melhorou bastante o uso do preservativo na primeira relação sexual entre os adolescentes. Também dados levantados em uma população entre 20 a 24 anos mostram que o percentual de uso de preservativos aumentou de 37.7 para 55.2%. Dr. Valdir lembra que com isso, as DSTs, ou seja, as doenças sexualmente transmissíveis, também diminuíram sua incidência entre esses grupos que praticam sexo seguro. Ele aproveita para explicar o que é DST.

"É uma sigla de "doenças sexualmente transmissíveis", que antigamente eram conhecidas como as doenças venéreas. E você adquire as DSTs através de relações sexuais desprotegidas, quer dizer, sem uso do preservativo. Entenda-se por relações sexuais, as relações vaginais, anais e orais. Sempre que você tiver um sinal ou um sintoma que você não saiba do que se trata, se aquilo realmente pode ser uma DST, o ideal seria que você procurasse um posto de saúde, uma unidade básica de saúde, até para saber se esse sinal, esse sintoma, se trata de uma DST ou não"

De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde, para o Brasil é esperado um total de 10 milhões de casos novos de DST por ano. Dr. Valdir considera esse número ainda alto. Entre as mais comuns estão a gonorréia, o HPV, a sífilis, o herpes. Ele lembra que as DSTs podem aumentar em até 18 vezes as chances da pessoa adquirir o HIV. Para a psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dra. Carmita Abdo, a preocupação com essas doenças, em especial a AIDS, fez com que as próprias pessoas deixassem de lado a vergonha e buscassem mais informações sobre o assunto.

"Desde o advento da AIDS, muito desconhecimento, muita idéia errônea acabou caindo por terra porque necessariamente se falou mais sobre sexo e o diálogo a esse respeito se abriu e mais precocemente. As pessoas começaram a tomar conhecimento de como se comportar diante desse apelo tão forte que é a sexualidade"

Dra. Carmita afirma que o sexo virtual, inclusive, foi uma alternativa utilizada para prevenir o sexo de risco.

"Eu vejo que o sexo virtual chegou até a ser fomentado, ser incentivado, muitas vezes por conta de que assim o jovem estaria protegido das doenças sexualmente transmissíveis e também dessas gravidezes inoportunas que ocorrem em momentos muito precoces da vida deles. Mas, por outro lado, o exagero e essa forma alucinada a que muitos se atiram, fazendo desta prática, o sexo virtual, a única opção em suas vidas, tem tornado o desempenho da sexualidade muito precário em fases posteriores, quando esse jovem se torna adulto"

Segundo a psicóloga Sonia Furlameto, ainda hoje as escolas brasileiras e os professores enfrentam muitas dificuldades em desempenhar seus papéis na educação sexual preventiva. Sonia ressalta que falta ainda uma parceria mais estruturada entre pais, escola, aluno, profissionais da saúde e especialistas em sexualidade.

"Os educadores deveriam estar mais preparados para lidar com a educação sexual das crianças, dos adolescentes que frequentam essas escolas"

Já a Dra Carmita acredita que a escola está se preparando bem, embora esse preparo já dure algumas décadas. Ela considera que o ideal seria ministrar a educação sexual não como uma disciplina isolada e sim inserida nas diversas disciplinas.

"Como uma disciplina isolada ela não tem sido valorizada pelo aluno, que imagina que já conhece tudo e não tem nada a aprender e também tem sido constrangedor, muitas vezes para o professor, que não está totalmente à vontade para só falar desse assunto o tempo todo por um período de quarenta minutos, 1 hora."

Maria Helena Brandão considera a escola o local mais apropriado para o ensino da educação preventiva sexual porque é o lugar que consegue agregar os jovens, onde já se vai disposto a apreender.

"O trabalho de educação sexual, de orientação sexual dentro da escola, ele tem muito mais possibilidade de vingar, até porque é ali que eles estão pondo em prática os seus papéis sociais. Então, é ali que eles namoram, que eles se interessam pelo outro, que eles enfrentam situações que no trabalho de orientação sexual eles vão ver aquilo de perto"

A educação sexual é um assunto polêmico, que envolve questões de foro íntimo, mas a escola tem o dever de orientar os alunos e esclarecer suas dúvidas a esse respeito. Aids, métodos contraceptivos, Doenças Sexualmente Transmissíveis, a descoberta do próprio corpo e da sexualidade são questões passíveis de serem abordadas em sala de aula. Para Dra. Carmita, não se deve confundir intimidade com sexualidade. A intimidade faz parte da nossa sexualidade, mas falar sobre o asunto de forma genérica é muito importante e a única maneira que permite atuar preventivamente e evitar problemas sérios que possam advir do silêncio ou da vergonha de se tratar o assunto abertamente.

De Brasília, Simone Salles

TERMINA AQUI O REPORTAGEM ESPECIAL DESSA SEMANA, QUE ABORDOU, DESDE SEGUNDA-FEIRA, TEMAS RELACIONADOS À SEXUALIDADE DO BRASILEIRO. REPORTAGEM E TEXTO DE SIMONE SALLES, PRODUÇÃO DE LUCÉLIA CRISTINA, TRABALHOS TÉCNICOS DE CHICO MENDES E EDIÇÃO DE APRÍGIO NOGUEIRA.

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

Sábado e domingo às 8h30, 13h e 19h30. E nas edições do programa Câmara é Notícia. Mande sua sugestão pelo WhatsApp: (61) 99978.9080.

TODAS AS EDIÇÕES