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As investigações em curso pela Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, ainda vão mostrar uma extensão muito maior de infiltração do crime organizado em setores formais da economia, como de combustíveis. A avaliação foi feita pelo deputado Julio Lopes (PP-RJ) em entrevista ao Painel Eletrônico (4). O parlamentar preside a Frente Parlamentar Mista de Combate à Pirataria e participa de conversas com o setor industrial a respeito do impacto da ilegalidade na economia e segurança pública.

“A CNI (Confederação Nacional da Indústria) tem um relatório que mostra que o Brasil perde algo em todos R$ 485 bilhões por ano com evasão fiscal em alguns setores. No setor de combustíveis, são R$ 62 bilhões. O Brasil ainda vai se surpreender muito e ainda vai ter muitos sustos com relação ao que virá a partir dessa Operação Carbono Oculto,” disse.

A operação da PF indica que, entre 2020 e 2024, houve uma movimentação de pelo menos R$ 52 bilhões pelo crime organizado, a partir de empresas em diferentes setores econômicos, a exemplo de fintechs e postos de combustíveis.

Antes mesmo da Operação Carbono Oculto, o deputado Julio Lopes e outros 16 colegas apresentaram um projeto (PL 2646/25) para intensificar o combate ao crime organizado, especialmente pelo cerco à presença criminosa em setores formais da economia, como o de combustíveis.

Segundo Julio Lopes, 26% dos brasileiros vivem em áreas sob domínio de facções criminosas, como Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho.

“Todas as vezes em que nós vamos a um posto de gasolina, a gente tem 90% de chance de comprar um litro com menos de um litro de combustível. A gente tem 90% de chance de comprar um litro cuja mistura esteja irregular, prejudicando o nosso motor, prejudicando o desempenho do carro, prejudicando, enfim, de maneira ampla toda a relação de consumo na área de energia. Essa questão do combustível passou de todos os limites. É muito importante que a gente continue fazendo cada vez maiores operações, mas que essas operações tenham alicerces em cima de um sistema penal mais rigoroso, de penas mais fortes,” defendeu.

Entre outros pontos, o projeto apresentado por Julio Lopes e outros deputados prevê penas mais duras para líderes de organizações criminosas; bloqueio automático de bens do crime; e monitoramento após cumprimento da pena. A proposta também tipifica o crime de furto e roubo de combustível como crime contra a ordem econômica; cassa licença de empresas de combustíveis envolvidas em fraudes; e aumenta as penas para furto, roubo e receptação de cargas, combustíveis, cabos de energia e água encanada.

De acordo com Julio Lopes, líderes partidários articulam a votação de um pedido de urgência para a proposta, para que ela possa ser analisada diretamente pelo Plenário, sem necessidade de passar pelas comissões.

Apresentação - Ana Raquel Macedo