Programas da Rádio Câmara

Eram sete e meia da noite quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio Mello, proclamou o resultado da disputa para a presidência da República:

"São 19:30 e já temos totalizados 90% dos votos e aí os votos que ainda faltam para serem totalizados não cobrem a diferença entre o primeiro e o segundo colocados, o que implica dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reeleito.”

Às sete horas e 18 minutos, horário de Brasília, a diferença de votos entre Lula, do PT, e Geraldo Alckmin, do PSDB, alcançou 19 milhões 835 mil 142 votos, e faltavam totalizar 16 milhões e 75 mil votos. Ou seja, mesmo que todos os votos a partir daquele momento fossem para o candidato tucano, não seriam suficientes para ultrapassar os votos do petista.

O ministro Marco Aurélio considerou que o fato de a eleição ter sido decidida em segundo turno e de o candidato Lula ter vencido com margem tão grande de votos torna mais legítimo o resultado. Entretanto, o presidente do TSE criticou o instituto da reeleição, porque, para ele, governar e ao mesmo tempo concorrer a um mandato é uma mistura nefasta, por refletir no equilíbrio que deve haver numa disputa eleitoral. Questionado sobre se este seria o momento adequado para a discussão do tema, Marco Aurélio Mello ressaltou que a palavra está com o Congresso, a quem cabe decidir, se for o caso, emendar à Constituição Federal.

"Na minha ótica, seria um avanço e não um retrocesso. Nós não podemos desconhecer que é muito difícil separar a figura do administrador da figura do candidato e essa dificuldade decorre até mesmo da circunstância de um administrador candidato à reeleição permanecer na cadeira, sucumbindo às tentações."

Para o presidente do TSE, não cabem especulações de que denúncias contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderiam levar a um terceiro turno eleitoral. Marco Aurélio Mello ressaltou que a não culpabilidade é um princípio constitucional e que a culpa tem que ser comprovada de forma robusta. Segundo o ministro, houve a preservação da vontade dos eleitores brasileiros, que quiseram a reeleição do presidente Lula. O ministro avaliou que a disputa entre os dois candidatos à presidência da República, de uma forma geral, ocorreu em ordem e com a observância de princípios.

Marise Lugullo, eleições 2006