Economia Direta

Economista da FGV aponta brasileiro mais confiante no mercado de trabalho

29/09/2025 - 08h00

  • Entrevista - Economista da FGV, Carla Beni

Os recentes dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, mostram que a taxa de desemprego do trimestre encerrado em julho caiu 5,6%, o menor da série histórica, iniciada em 2012. No trimestre, o número de desocupados caiu mais de 6 milhões, o menor volume desde o último trimestre de 2013.

Nesta edição do Economia Direta, a professora da Fundação Getúlio Vargas e integrante do Conselho Regional de Economia de São Paulo Carla Beni destacou que outro número importante da PNAD Contínua é a redução no número de desalentados no país.

“O desalento caiu 11% no trimestre. São 332.000 pessoas a menos dentro dessa categoria. A metodologia do IBGE é uma metodologia internacional. São 211.000 domicílios que são pesquisados, nos 26 estados mais o Distrito Federal. E se pergunta se a pessoa está ocupada, se ela não está ocupada, se ela trabalha no período que ela gostaria. E aí, nessa pesquisa, ele descobre as pessoas que não acreditam mais que vão conseguir emprego. Ele é desalentado. Essa é uma categoria que sempre me preocupa muito, porque quando você cai em desalento, você também entra num processo depressivo, isso mexe com a família inteira,” explicou a professora.

Pelos dados do IBGE relativos ao trimestre encerrado em julho, o total de trabalhadores bateu recorde e chegou a 102 milhões. O número de empregados com carteira assinada foi de 39 milhões, igualmente inédito na série. Houve recorde de trabalhadores por conta própria, em 26 milhões. E o número de empregados do setor privado sem carteira assinada ficou estável em 13,5 milhões.

Para Carla Beni, no geral, os dados indicam que a qualidade do emprego no Brasil está melhor. Apesar da taxa de juros básica da economia estar em 15%, o mercado de ocupação no país tem se mostrado resiliente, segundo a economista.

“Uma coisa muito interessante é que a economia brasileira, ela é mais resiliente até do que a gente imagina, porque nós estamos em um nível estratosférico de juros. A literatura fala que numa política monetária de contração, você diminui a atividade econômica, porque você encarece o crédito, fica muito caro dinheiro para as empresas pegarem crédito para poder investir. E o que a gente observa, na verdade, é uma menor eficiência até da política monetária, porque a gente está encarecendo muito o crédito, a inadimplência está elevadíssima, mas o mercado de trabalho está mais resiliente e com dados importantíssimos,” disse.

Carla Beni considera que os números do mercado de trabalho refletem também políticas públicas como de valorização do salário mínimo e de faixas de transição no Bolsa Família para beneficiados que entraram no mercado de trabalho.

A PNAD Contínua divulgada em setembro pelo IBGE mostra que o rendimento médio real habitual dos trabalhos foi de R$ 3.484. O valor representa um avanço de 1,3% no trimestre e 3,8% no ano. É também o maior salário médio da série histórica.

Apresentação - Ana Raquel Macedo

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