Programas da Rádio Câmara

O atropelamento de animais é um problema grave e pouco conhecido da conservação da fauna. Os números são tão altos que parecem inacreditáveis. Por baixo, todo ano, são atropelados 475 milhões de animais vertebrados pelas estradas do Brasil. E os exemplos mais tristes são os de animais raros e de grande porte.

Neste abril, na rodovia BR-101, em um trecho que cruza o estado do Espírito Santo e reservas do bioma Mata Atlântica, foi atropelada uma fêmea adulta de harpia, a maior águia das Américas, cuja envergadura pode alcançar dois metros. É um animal que pode viver até os 40 anos de idade na natureza.

A ave foi encontrada ferida, no acostamento, pela equipe da Reserva Biológica de Sooretama. Resgatada, foi logo entregue a um centro especializado, onde acabou morrendo.

O exame da carcaça mostrou que, tempos antes de ser atropelada, ela havia sido alvejada por um caçador e trazia dois pedaços de chumbo no peito.

Nesta mesma região, nos últimos 10 meses, foram também atropeladas três antas e uma onça-parda.

A velocidade máxima permitida no trecho da BR-101 que cruza a Reserva Sooretama é de 60 km/h. Mas a média monitorada é de 80 km/h e não é raro veículos passarem a mais de 100 km/h.

A harpia foi atropelada a menos de 1 km de um radar de velocidade. No Brasil, no final de 2014, essa espécie passou a ser considerada ameaçada de extinção, em todo o território nacional. Na Mata Atlântica restaram poucos indivíduos e a região onde ocorreu esse atropelamento é um dos seus últimos refúgios.

No final de fevereiro, o deputado Ricardo Izar, do PSD de São Paulo, apresentou o projeto de lei 466/2015. A iniciativa estabelece medidas para combater o atropelamento da fauna silvestre e nasceu de conversas com especialistas de duas ONGs: a Rede Pro UCs e a WWF.

O projeto determina a criação de um cadastro nacional de acidentes com animais silvestres, além da fiscalização constante nas áreas de maior incidência desses problemas. Propõe, também, medidas como criar passagens aéreas ou subterrâneas para a fauna.

Torçamos para que a lei seja aprovada e levada a sério.