Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Aviação 1 - De Santos Dumont à Embraer - ( 07' 02" )

23/10/2006 - 00h00

  • Especial Aviação 1 - De Santos Dumont à Embraer - ( 07' 02" )

LOC: HÁ CEM ANOS, NO DIA 23 DE OUTUBRO, UM BRASILEIRO FAZIA NO CAMPO DE BAGATELLE, NA FRANÇA, O PRIMEIRO VÔO TRIPULADO A BORDO DE UM ARTEFATO MAIS PESADO DO QUE O AR.

FOI ALBERTO SANTOS DUMONT QUE, COM SEU 14 BIS, FRÁGIL AERONAVE FEITA DE BAMBU E SEDA E IMPULSIONADA POR MEIOS PRÓPRIOS, CONSEGUIU SAIR DO CHÃO POR 60 METROS, A TRÊS METROS DO SOLO.

PARA COMEMORAR O CENTENÁRIO DO PRIMEIRO VÔO, O REPORTAGEM ESPECIAL DESSA SEMANA VAI TRATAR DO TEMA AVIAÇÃO.

O OUVINTE VAI SABER AO LONGO DA SEMANA, SOBRE SEGURANÇA DE VÔO, CONTROLE DE TRÁFEGO AÉREO, TREINAMENTO DE PILOTOS, VOLUME DE TRÁFEGO E DE PASSAGEIROS TRANSPORTADOS, FABRICAÇÃO DE AVIÕES, ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS E MUITO MAIS.

NO PROGRAMA DE HOJE, O JORNALISTA APRIGIO NOGUEIRA MOSTRA UM POUCO DESSES CEM ANOS DE HISTÓRIA. DA SAGA DE SANTOS DUMONT ATÉ A REALIDADE DE HOJE, QUANDO A EMBRAER É UMA DAS MAIORES EMPRESAS DA INDÚSTRIA AERONÁUTICA DO MUNDO.

Alberto Santos Dumont foi um brasileiro singular. Rico, inteligente, baixinho, tinha pouco mais de metro e meio, vestia-se com requinte e freqüentava a alta sociedade parisiense. Sempre impecável, usava trajes que o faziam reconhecido em qualquer lugar: ternos riscas-de-giz, colarinho alto, sapatos com salto e seu famoso chapéu de abas caídas.

Nascido em 1873, na região sudeste de Minas Gerais, onde hoje está o município que leva seu nome, Santos Dumont viu um balão pela primeira vez em São Paulo, aos quinze anos de idade. Aos dezoito, foi morar em Paris onde, apaixonado por máquinas e devorador de livros de Júlio Verne, estudou informalmente física, química, eletricidade e mecânica.

Em março de 1898, realizou seu sonho de viajar em um balão. No mesmo ano, construiu seu próprio modelo e não parou mais.

Mas, Dumont não estava satisfeito em apenas se deixar levar pelo vento, queria ser o dono do seu próprio destino, como explica o físico Henrique Lins de Barros.

"A trajetória de santos dumont, o que chama a atenção é que tudo nele é muito rápido. Já em 1898, não só ele construiu dois balões de projetos dele como ele já faz um dirigível. Ele é a primeira pessoa que inventa o motor a gasolina que é apropriada para o vôo. Isso é uma invenção dele que ele faz uma adaptação dos motores existentes. ele usa em seu primeiro dirigível e depois ele vai usar em mais dois. Com isso ele já consegue dirigir. Mas ele teve uma série de problemas de rigidez do invólucro, resistência de materiais, então ele ainda vai levar três anos até conseguir ganhar o prêmio deutch, em 1901, quando ele faz um vôo que mundialmente é reconhecido como o primeiro vôo dirigido de um aparelho voador"

Outro apaixonado por Santos Dumont é o empresário de Caldas Novas, Goiás, Allan Calassa. Piloto há 25 anos, Calassa aproveitou o centenário para reconstiuir o vôo pioneiro de 1906.

Como Dumont não deixou plantas de seu primeiro aparelho, Calassa teve de se basear em fotos e documentos da época para iniciar a construção da réplica, na verdade réplicas, pois o empresário já construiu quatro.

Duas delas estão fora do país, uma no Museu de L´Air na França, e outra nos Estados Unidos, a terra dos irmãos Whrite, que disputam com Santos Dumont a primazia de serem os inventores do avião.

A filha do empresário Allan Calassa, Aline Calassa, piloto de Ultra-leve, é quem conduz um dos exemplares do 14 Bis em vôos comemorativos. Ela ressalta a importância tanto dos Whrite quanto de Dumont, mas explica a diferença do primeiro vôo de cada um deles.

"Eu acho que ambos tiveram uma contribuição essencial para a aviação de um modo geral na aviação mundial. Os irmãos Whrite foram catapultados. Eles não decolaram, nem pousaram por meios próprios como fez Alberto Santos Dumont. Hoje, nessa exposição que nós fizemos em Oshkosh (Wisconsin), nos Estados Unidos, nós temos jornais em que os próprios americanos admitem que ASD foi o pioneiro nessa questão da primazia do vôo do mais pesado que o ar, que é decolar e pousar por meios próprios, diferentemente dos Irmãos Whrite que decolaram e pousaram através de uma catapulta, eles foram catapultados"

Santos Dumont voltou ao Brasil em 1918, alguns anos depois, desenvolve uma esclerose múltipla e entra em depressão. Em 1932, o Pai da Aviação pôs fim a vida, enforcando-se com uma gravata em um hotel de Guarujá em São Paulo.

Mas, a indústria aeronáutica já andava a passos largos e no Brasil, anos mais tarde, uma empresa voltaria a colocar o país em um nível elevado da aviação mundial.

Foi a Embraer, Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Fundada em 19 de agosto de 1969 como empresa de capital misto, a Embraer foi privatizada em 07 de dezembro de 1994, mas seu controle acionário continua em mãos brasileiras.

A Embraer disputa hoje a 3ª colocação entre as três maiores indústrias aeronáuticas do mundo com a canadense Bombardier. Já produziu mais de 3.600 aviões, operando em 65 países. De 1999 a 2001 foi a maior exportadora brasileira e de 2002 a 2005 a segunda maior.

A empresa foi criada para produzir o bimotor Bandeirante. Inicialmente com a meta de fabricar dois modelos por mês. Depois vieram o Xavante, o planador Urupema e o Ipanema, um monomotor para uso agrícola. Posteriormente, um acordo de produção com empresas estrangeiras permite a montagem no Brasil de aeronaves como o Sêneca, o Navajo, o Sertanejo, o Minuano, o Corisco e o Carajá.

Em 1976, voa a primeira aeronave projetada e fabricada pela Embraer, o Xingu, um bimotor turboélice que também é o primeiro avião pressurizado da empresa.

Daí até a privatização a Embraer produziu ainda o Tucano, o AMX e o Brasília. Depois de vendida, a empresa lança novos modelos, como o EMB145, o Super-Tucano, o LEGACY, e os jatos das famílias 170 e 190, com capacidade variavel entre 70 a 122 passageiros.

O deputado Marcelo Ortiz é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Aeronáutica Brasileira e, claro, um entusiata da Embraer e das demais fabricantes de produtos aeronáuticos no país. Ortiz ressalta que além de trazer muitas divisas, esta é uma indústria limpa.

"Podendo afirmar plenamente que você não consegue só empregos, não consegue só divisas mediante um esfumaçamento total do nosso ambiente, o que nos prejudica muito, ou seja, sem chaminés. Isto é muito bom e a indústria aeronáutica propicia isto ao país. Hoje, aquela que mais traz divisas para o país é a indústria aeronáutica brasileira, muito mais do que os grãos."

A Embraer tem hoje uma carteira de pedidos confirmados equivalente a 13,3 bilhões de dólares. Para este ano, a estimativa de entrega é de 145 aeronaves, e para 2007 mais 150.

O último produto da empresa é o jato EMB 195, com capacidade até 122 lugares.

De Brasília, Aprigio Nogueira

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