Rádio Câmara

Reportagem Especial

Homossexualidade 2 - Dramas familiares e psicológicos comuns ao homossexual - ( 04' 55" )

03/07/2006 - 00h00

  • Homossexualidade 2 - Dramas familiares e psicológicos comuns ao homossexual - ( 04' 55" )

NA EDIÇÃO DE HOJE DA REPORTAGEM ESPECIAL DESTA SEMANA SOBRE O UNIVERSO GAY, VOCÊ VAI CONHECER ALGUNS DRAMAS FAMILIARES E PSICOLÓGICOS COMUNS A QUEM SE DESCOBRE HOMOSSEXUAL.

Marco Trajano tem 42 anos, e é diretor do Movimento Gay de Minas. Mesmo depois de vários anos de homossexualidade assumida, pois tem um companheiro fixo há 14 anos, Marco não esquece a reação do próprio pai quando descobriu sua opção sexual.

"A gente ficou muito tempo em conflito e eu acho que ele nunca conseguiu entender ou aceitar a homossexualidade como algo natural. Já a minha mãe, num primeiro momento também teve muita dificuldade, embora mulher, foi criada para ser dona-de-casa, a esposa exemplar. Mas depois de um certo tempo, ela veio, através do diálogo, a gente conversando, explicando para ela o que é homossexualidade, que a homossexualidade é uma variação de orientação sexual, do desejo, não tem nada a ver com o filho dela querer ser mulher."

Quando a pessoa se descobre homossexual, passa por conflitos de identidade, medo do preconceito e falta de aceitação. A reação da maioria das famílias é fruto de uma realidade patriarcal e machista. Por isso, até mesmo familiares próximos, como mães e irmãos, levam um tempo para aceitar a homossexualidade dos filhos. Foi assim com a família da Coordenadora do grupo de lésbicas da ONG Estruturação, Andréa Manzan. Ela diz que hoje não há problema com a família e conta como foi a reação da mãe ao saber da homossexualidade dos filhos.

"Eu tenho um irmão gay e minha mãe, a princípio, chorou, essa coisa de baque de começo. Mas depois aceita porque é filho: filho é filho. Às vezes fica meio chateada, mas ela viu que a opção sexual é dele, mais importante é ele como pessoa. A opção sexual é nossa, é uma coisa muito íntima para ter esse tanto de preconceito."

Otávio Chamorro tem 21 anos e acha que é gay desde criança. Ele diz que não se identificava com os meninos, preferindo brincar em grupos femininos. Por isso, Otávio revela que a mãe não teve grandes surpresas quando soube que o filho era gay.

"Os pais que percebem isso desde cedo conseguem lidar com isso melhor, já tem uma pré-aceitação. Eu converso com meus amigos sobre isso, os que também são e manifestam desde criança, menino mais afeminado, esse tipo de coisa, os pais tendem a saber que eles são gays mas não conversam muito sobre isso."

Otávio diz que os familiares têm receio de conversar abertamente sobre o assunto. Ele conta que nunca sofreu discriminação por ser gay, inclusive em seu trabalho. Otávio diz que o apoio da família é essencial para sua postura frente à sociedade.

"Com certeza, se você tem apoio das pessoas mais próximas de você, é muito mais fácil toda a sua vida em qualquer outro sentido. Tem muita gente que é assumido para todo mundo de Brasília, por exemplo, menos para a família. Tem problemas, por exemplo, não pode dar entrevista, porque alguém da família pode ouvir."

A psicóloga Adriana Nunan, autora do livro Homossexualidade: do Preconceito aos Padrões de Consumo, diz que o gay, antes de se assumir, ou "sair do armário", deve pensar bem se está preparado para aceitar as conseqüências da revelação. Ela lembra que algumas pessoas são expulsas de casa ou sofrem violência física, por exemplo. O diretor do Movimento Gay de Minas - MGM, Marco Trajano, confirma.

"É muito comum a gente receber aqui no MGM ainda hoje filhos adolescentes, cujos pais não aceitam a homossexualidade do filho. Então prendem o menino, transferem o menino de colégio, tentam algum tipo de terapia junto a psiquiatra, como se a homossexualidade fosse uma doença que pudesse ser tratada. Nesse sentido, a violência de discriminação ainda é bastante grande."

O importante, sustenta a psicóloga Adriana Nunan, é que os filhos dêem um tempo para que os pais reflitam e aceitem essa homossexualidade.

De Brasília, Adriana Magalhães.

NA REPORTAGEM ESPECIAL DE AMANHÃ, VOCÊ VAI SABER O QUE ACONTECE QUANDO O PRECONCEITO CONTRA OS HOMOSSEXUAIS VIRA VIOLÊNCIA.

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h