Reportagem Especial
Especial Forças Armadas - Missão de estabilização do Haiti, a Minustah (05' 23")
03/04/2006 - 00h00
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Especial Forças Armadas - Missão de estabilização do Haiti, a Minustah (05' 23")
NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE AS FORÇAS ARMADAS VOCÊ VAI SABER UM POUCO MAIS SOBRE A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA MISSÃO DE ESTABILIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NO HAITI.
O Haiti é o país mais pobre do hemisfério ocidental. A história do país é marcada por golpes, deposições e massacres que geraram grande instabilidade política, turbulência econômica e crise social. Em 30 de abril de 2004 o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas aprovou, por unanimidade, a criação da Missão de Estabilização do Haiti, a MINUSTAH.
A missão, planejada para ter uma duração inicial de seis meses, vem sendo prorrogada. O objetivo é combater a insegurança no país após a crise que forçou a saída do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004.
Coube ao Brasil a chefia da missão, instalada no mês de junho de 2004, bem como constituir o maior contingente nacional de "boinas azuis" : 1.470 militares, de um total de 6.700, militares de 21 países. Apesar das dificuldades estruturais do Haiti, as atividades da MINUSTAH trouxeram avanços, como a realização das eleições ocorridas em fevereiro deste ano.
O chefe da seção de Informações Públicas do Centro de Comunicação Social do Exército, Coronel Fernando, afirma que a participação do Exército Brasileiro em Missões de Paz amplia a projeção internacional do País e faz jus à sua inegável importância geopolítica.
"Reforça a presença brasileira no âmbito de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas, a ONU e a própria Organização dos Estados Americanos, OEA, realçando nosso comprometimento com a estabilidade e a paz mundiais. O Exército tem se beneficiado muito da presença nesse tipo de operação. Ele é valorizado como instrumento de projeção do poder nacional. Aperfeiçoa o adestramento da tropa, pois é empregada em situação real. Há uma atualização doutrinária devido ao intercâmbio de conhecimentos profissionais com militares de outras nações. Também em virtude dos requisitos operacionais, que são exigidos por esses organismos, passa a contar com material e equipamentos mais modernos, aumentando a motivação e a confiança de nossa tropa. O reconhecido sucesso de todas as participações brasileiras demonstra o acerto do continuado investimento do Exército no que considera seu bem mais valioso, que são os homens e as mulheres que integram a Força Terrestre"
O professor da Universidade de Campinas, Geraldo Cavagnari, é favorável à participação do Brasil em missões de paz. O professor explica que a tropa brasileira foi empregada em um país conturbado, onde não existia segurança pública, para restabelecer a paz, pacificar o país, o que é mais complexo do que apenas atuar na manutenção da paz.
"A presença do Brasil como força de manutenção da paz ou como força de imposição da paz, como é o caso que está existindo agora no Haiti, é muito bom para as Forças Armadas brasileiras e muito bom para o Brasil. Mostra que o Brasil participa de problemas de segurança internacional"
Para o deputado do PP fluminense Jair Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, uma missão como a que acontece no Haiti deve ter uma data definida para a saída da tropa brasileira. Bolsonaro defende que os militares não deveriam participar de uma missão para atender politicamente aos interesses e à ambição do governo federal de conseguir um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"A questão do Haiti não vai se resolver, no meu entender, em décadas. Agora, o que o governo Lula faz no Haiti é manter uma força lá, pagando caro, uma força que faz um trabalho realmente de combate ao crime organizado, visando única e exclusivamente para si uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU"
De acordo com o deputado do PFL do Distrito Federal e coronel da reserva da Polícia Militar Alberto Fraga, o envio das tropas ao Haiti foi mais um equívoco cometido pelo governo brasileiro.
"Eu fui contra. Eu acho que o nosso Haiti é aqui. Nós temos que cuidar primeiro do nosso país. Quando se gastou muito dinheiro, quando se gasta mais dinheiro lá fora do que se investe aqui dentro, a gente sabe que isso é para apenas beneficiar mil militares. Esse dinheiro poderia ser utilizado para investimento, para benefício do próprio efetivo no Brasil"
Há os que discordam e os que concordam com a participação do Brasil na missão de estabilização do Haiti, mas em uma questão a unanimidade prevalece: todos elogiam o desempenho da tropa brasileira, a exemplo do que já aconteceu em operações de paz anteriores, em Angola, Moçambique, Timor Leste e outros países.
De Brasília, Simone Salles
TERMINA AQUI O REPORTAGEM ESPECIAL DESSA SEMANA, QUE ABORDOU, DESDE SEGUNDA-FEIRA, TEMAS RELACIONADOS ÀS FORÇAS ARMADAS. A REPORTAGEM FOI DE SIMONE SALLES, A PRODUÇÃO DE LUCÉLIA CRISTINA E A EDIÇÃO DE APRÍGIO NOGUEIRA.