Reportagem Especial

Educação Financeira - Dicas para sair da inadimplência - ( 07' 22" )

14/09/2005 - 00h00

  • Educação Financeira - Dicas para sair da inadimplência - ( 07' 22" )

CHAMADA: NA REPORTAGEM ESPECIAL DE HOJE VOCÊ ACOMPANHA ALGUMAS DICAS PARA SAIR DA INADIMPLÊNCIA. ACABAR COM AS DÍVIDAS PEDE MUITA CALMA E UM BOM PLANEJAMENTO FINANCEIRO.

Ter dívidas para pagar tira a tranqüilidade de qualquer pessoa. Não conseguir arcar com os compromissos financeiros pode gerar angústia, depressão e ansiedade. A vergonha é um sentimento comum para quem se torna inadimplente, combinado com o receio de que a família e os amigos possam pensar que o devedor é um irresponsável. Para o presidente da Andif, a Associação Nacional de Defesa dos Consumidores do Sistema Financeiro, Aparecido Donizeth, há um erro no julgamento de que ter dívidas é sinônimo de descontrole.

Sonora Donizeth 1 - "E aí começaram a induzir a população a acreditar que o inadimplente é um descontrolado, é uma doente patológico, é um consumidor compulsivo. Isso não é absolutamente verdade. Na última pesquisa que nós fizemos, 65% dos consumidores que haviam extrapolado os limites do cheque especial e do cartão de crédito o fizeram em supermercados e farmácias, comprando produtos de primeiríssima necessidade.

A Andif estima 22 milhões de nomes negativados no Brasil, nos serviços de proteção ao crédito como a Serasa e o SPC. As mulheres representam 57% desse número, sendo que muitas delas se tornam devedoras ao emprestar o nome para que outras pessoas comprem a prazo. Aparecido Donizeth enfatiza que o desemprego e a falta de reajustes nos salários dos trabalhadores é um fator importante para o endividamento do brasileiro. Ele conta que no momento que as pessoas começam a se endividar, elas costumam procurar outros financiadores para cobrir dívidas anteriores.

Sonora Donizeth 2 - "Aí elas vão abrindo um buraco maior para cobrir um buraco menor. Então é muito comum a pessoa começar a inadimplir no cartão de crédito, aí pega dinheiro do cheque especial e cobre o cartão. Aí abre um rombo no cheque especial. Depois corre no agiota para cobrir o cheque especial. Aí vira um círculo vicioso, porque com a cobrança abusiva e sem controle de juros, você pega mil reais, a dívida se transforma em dois. E aquela dívida de dois já se transforma em quatro"

Foi exatamente isso que aconteceu com Rita Natalício, que mora em Londrina, no Paraná. Rita tem 63 anos e é professora aposentada. Ela conta que depois de nove anos sem aumento, ficou dificil saldar os empréstimos.

Sonora Rita - "Sabe quando vc começa a fazer um empréstimo e depois não dá pra pagar e faz outro para cobrir, e vai formando uma bola de neve e a gente não tem nem como sair. Estava muito desesperada, chocada com tudo, por que tinha que pagar muitas coisas"

Aparecido Donizeth aponta que existem centenas de pessoas que começaram com dívidas pequenas, da ordem de 700 reais, mas que em 4 anos já devem 25 mil reais em função dos juros. A Andif oferece consultoria gratuita para os devedores que se julgarem vítimas de juros abusivos. O telefone da Associação é 11 3106-1537. Repetindo, 11 3106-1537.

TRILHA

Saber o tamanho da dívida é fundamental para sair da inadimplência. A partir daí a orientação dos especialistas é definir as prioridades, ou seja, quais dívidas devem ser pagas primeiro. Quem explica isso é a psicóloga do programa de Educação Financeira da Câmara, Adriana Rodrigues.

Sonora Adriana - "A gente vai fazer um escalonamento das dívidas para saber quais são as prioridades, o que tem que ser pago primeiro. A gente faz um orçamento para saber onde ela pode enxugar as suas despesas. A gente tem que dar uma olhada se há possibilidade de trocar um dívida mais cara por uma mais barata"

Como os juros dos bancos e financeiras é muito alto, em algumas ocasiões vale a pena fazer um empréstimo para conseguir uma taxa menor. O consultor financeiro Mauro Halfeld avalia que um empréstimo consignado em folha é uma alternativa para esses casos.

Sonora Mauro 1 - "Eu só pegaria um empréstimo consignado em folha no caso de pagar um outro empréstimo com juros altos. Tomar emprestado a 2% ao mês para pagar uma dívida de 10% ao mês, do cheque especial por exemplo, é um bom negócio. Agora, empréstimo consignado em folha para consumir é muito perigoso. Os 2% ao mês que é relativamente barato, se comparado com outras linhas de crédito, ele ainda assim é bastante caro e vai acabar comprometendo boa parte da renda do aposentado ou do funcionário pública daqui pra frente"

Cortar gastos é fundamental para sair de uma situação crítica de endividamento. Muito importante também é saber negociar as dívidas. A dica é tentar um bom acordo em relação aos prazos e valor das parcelas, além de pedir um bom desconto para o pagamento à vista. Exija por escrito tudo o que foi combinado verbalmente e guarde todos os comprovantes dos pagamentos efetuados.

TRILHA

Um grande perigo para quem está endividado são os agiotas. Eles agem à sombra da lei, cobrando juros que podem ultrapassar 30% ao mês. Uma das principais estratégias dos agiotas é exigir um bem como garantia. Isso acontece com o devedor passando um carro ou uma casa para o nome de um laranja, uma pessoa ligada ao agiota. Como os juros cobrados são muito altos, em pouco tempo o devedor acaba perdendo esse bem. E como a transferência foi feita dentro da lei, o devedor não tem como questionar essa perda na justiça. É bom ficar atento para esse tipo de armadilha.

De Brasília, Daniele Lessa

CHAMADA: NA REPORTAGEM DE AMANHÃ VOCÊ VAI VAI CONHECER A REALIDADE DOS COMPRADORES COMPULSIVOS, PESSOAS QUE NÃO CONSEGUEM CONTROLAR O IMPULSO DE GASTAR DINHEIRO

SM

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

Sábado e domingo às 8h30, 13h e 19h30. E nas edições do programa Câmara é Notícia. Mande sua sugestão pelo WhatsApp: (61) 99978.9080.