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Dep. Reginete Bispo diz que é preciso mudar a educação para incorporar os valores e as lutas dos negros

19/11/2024 -

  • Entrevista - Dep. Reginete Bispo (PT-RS)

A deputada Reginete Bispo (PT-RS) diz que o feriado nacional da consciência negra deve servir para refletir sobre o racismo no país. Ela foi relatora do projeto de lei que criou o feriado nacional – e que entrou em vigor neste ano. A data é comemorada no dia 20 de novembro em homenagem a Zumbi, líder negro do Quilombo dos Palmares – o maior quilombo do país e que durou cerca de meio século.

Reginete Bispo falou que o racismo é estruturante no Brasil porque faz parte da estrutura e é determinante nas relações sociais, econômicas e políticas do país. Ela prega a necessidade de políticas públicas para garantir a equidade, sobretudo para as mulheres negras. Para ela, a lei da equidade salarial é um grande marco na legislação brasileira, que contribui para combater o racismo.

Reginete Bispo lembra que os negros representam 64% da população brasileira. Diz que o movimento negro hoje ocupa um espaço de relevância, “impossível de ser negado”. Segundo ela, é importante garantir a presença e o reconhecimento do negro na nossa sociedade. “É um desafio enorme, que precisa contar com a mobilização de toda a sociedade”, afirma. “O racismo não pode ser naturalizado”.

A deputada Reginete Bispo também prega a democratização da escola, do ponto de vista étnico-racial. “É preciso resgatar os valores africanos”, prega. Ela ressalta que os quilombos eram territórios de luta e de resistência, e não apenas locais de fuga, como registram os livros de História. Ela lembra que o Quilombo dos Palmares (1.580) acolhia outros povos, como os indígenas, e é considerado a primeira república das américas. “Essa história nunca foi contada; é preciso resgatá-la”, diz.

A deputada destaca também a política de cotas nas universidades, no serviço público e nas eleições. Essa política, nas universidades, foi uma “conquista fantástica”, segundo ela, que permitiu o acesso dos negros ao mundo acadêmico.

Ela afirma, no entanto, que as cotas na política enfrentaram alguns problemas, como o não-cumprimento da lei por partidos. Outros desafios, segundo ela, são debater a política carcerária no Brasil, que prende sobretudo jovens negros. E discutir também a letalidade da polícia nas comunidades mais pobres, ocupadas – na maioria – por negros.

Apresentação: Mauro Ceccherini

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