Economia Direta
Nível de pobreza e desigualdade chega a menor nível em três décadas, revela estudo do Ipea
01/12/2025 - 08h00
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Entrevista - Pesquisador do Ipea, Marcos Dantas
Este episódio do Economia Direta detalha um estudo recém-lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o nível de renda, pobreza e desigualdade no país. O levantamento indica que, em 2024, o Brasil registrou recorde de renda e o menor nível de pobreza e desigualdade, com base em números coletados nas últimas três décadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos responsáveis pelo estudo do Ipea, o pesquisador Marcos Dantas, conversou com a jornalista Ana Raquel Macedo no podcast semanal de economia (1/12).
O pesquisador explicou que foram avaliados dados do IBGE entre 1995 e 2024. No período, a taxa de extrema pobreza recuou de 25% para 5% e a renda per capita aumentou cerca de 70%. Mas, segundo Marcos Dantas, o progresso não foi linear e se concentrou, especialmente, entre 2003 e 2014 e entre 2021 e 2024.
“De modo geral, são dois componentes da renda das pessoas que são muito importantes para esses resultados. Primeiro lugar, o trabalho, que é a principal fonte de renda das pessoas. E logo em seguida, vêm as transferências assistenciais: Bolsa Família; depois o Auxílio Emergencial; o Auxílio Brasil e, por fim, o novo Bolsa Família; também o BPC, o Benefício de Prestação Continuada. Nos anos mais recentes, de 2021 a 2024, especialmente, essas transferências tiveram uma ampliação e uma melhora de focalização, principalmente nos dois últimos anos, o que fez com que elas tivessem uma contribuição muito parecida até com a do próprio trabalho,” detalhou o pesquisador.
Para que o ritmo de crescimento da renda e de redução da pobreza continue nos próximos anos, Marcos Dantas avaliou que há uma expectativa de manutenção dos bons resultados, especialmente por políticas de justiça tributária, como da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a partir de 2026, acompanhada da tributação de, pelo menos, 10% sobre lucros e dividendos recebidos acima de R$ 50 mil mensais.
“Nós esperamos que o Legislativo, o Executivo e mesmo o Judiciário tenham em conta que o Brasil tem como objetivo fundamental, escrito no artigo 3º da Constituição, erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Este não é o objetivo de um mandato parlamentar ou de um governo específico, é um objetivo do Brasil e nós precisamos utilizar muitas políticas públicas combinadas: políticas sociais, gastos mais bem direcionados aos mais pobres e melhorar a distribuição dos impostos. (…) Políticas de educação, políticas de saúde, políticas de segurança pública também podem ser pensadas a partir de que contribuição elas podem dar para redução das desigualdades,” enfatizou o pesquisador do Ipea.
Apreentação – Ana Raquel Macedo