Painel Eletrônico

Consultor legislativo avalia que, embora IA possa levar à substituição de empregos, também cria novas oportunidades

16/05/2025 - 08h00

  • Entrevista - Consultor legislativo Pedro Garrido

A consultoria legislativa da Câmara dos Deputados lançou recentemente o estudo “Inteligência Artificial e seu impacto no mercado de trabalho – uma análise introdutória”. Em entrevista ao Painel Eletrônico (16/5), um dos autores do estudo, o consultor legislativo Pedro Garrido, falou sobre as contradições que surgem com a chegada da IA nas relações de trabalho.

Segundo o consultor, tanto a inteligência artificial pode levar à substituição de vagas de emprego quanto gerar novas oportunidades. Garrido destacou que, desde a Revolução Industrial, as máquinas substituem alguns trabalhos. Mas o mercado se adapta e novas funções surgem igualmente.

“Então a gente tem que olhar as estratégias dos países para regular essa substituição e para realizar novas atividades que gerem empregos de qualidade, melhores salários e desenvolvam o país. E também não só você absorver tecnologia de outros lugares, mas você ter um núcleo de geração de tecnologia, de oportunidades de emprego, industriais e em serviços que melhorem a situação econômica do país, para o país não ficar dependente de tecnologia estrangeira,” defendeu o consultor.

Pedro Garrido destacou que os modelos de inteligência artificial se baseiam em bancos de dados alimentados ao longo dos anos pelo conhecimento humano. E que é importante que, na regulação dessa tecnologia, não sejam replicadas situações excludentes ou preconceituosas, especialmente com grupos vulneráveis.

“Se os algoritmos não forem regulados em algum sentido, eles tendem a reproduzir as discriminações na sociedade. Isso aí já está bem estabelecido na literatura”, alertou o consultor.

O estudo da consultoria também avalia que a introdução da inteligência artificial em alguns setores econômicos pode levar a uma redução relativa nos salários, diminuindo a remuneração de profissionais hoje mais valorizados no mercado. Por outro lado, isso pode levar a uma redução de desigualdades, avalia Pedro Garrido.

“Profissões que são mais bem remuneradas, elas podem perder um pouco esse posto porque um trabalhador menos qualificado pode chegar muito próximo do que seria essa atividade do trabalhador mais qualificado por meio do uso de sistemas de inteligência artificial. No longo prazo, talvez mesmo as ocupações mais valorizadas na sociedade vão ter que se preocupar em manter essa valorização diante desse uso da tecnologia, porque nosso sistema econômico ele está voltado para o lucro e para você realizar as atividades de maneira mais produtiva ou reduzindo os custos”, comentou.

Apresentação – Ana Raquel Macedo

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