Painel Eletrônico
Deputado Paulo Folletto: incorporação de protonterapia pode salvar vidas de pacientes com câncer, com menos efeitos colaterais
21/10/2025 - 08h00
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Entrevista - Dep. Paulo Folletto (PSB-ES)
A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados debateu nesta terça-feira (21) o uso da protonterapia no tratamento de câncer no Brasil. A tecnologia - já disponível em alguns países como os Estados Unidos - permite um tratamento mais preciso que a radioterapia, com menos efeitos colaterais.
Em entrevista ao Painel Eletrônico nesta terça-feira, o autor do pedido para a realização do debate, deputado Paulo Folletto (PSB-ES), contou que ele próprio usou a protonterapia no tratamento de um câncer medular. O parlamentar buscou a terapia nos Estados Unidos.
“Eu tenho um tumor medular. E eu fui operado em 2016, a primeira vez. E houve a recidiva precocemente, em 2018. O tumor passou de uma celularidade benigna para maligna e eu tive que fazer a radioterapia convencional. Fiquei quatro anos e meio em controle, mas o tumor voltou a aparecer. A saída que eu tinha aqui no Brasil era uma cirurgia radical, seccionaria minha medula, estaria andando de cadeira de roda, paraplégico. Por isso eu tive que sair do Brasil, fui aos Estados Unidos para a protonterapia. E eu estou desenvolvendo minhas atividades, trabalhando, porque consegui fazer essa terapia, mas eu sou exceção no Brasil.”
Paulo Folletto diz que, no Brasil, argumentos como preço, manutenção e operação inibiram até o momento o desenvolvimento da protonterapia. Segundo ele, inicialmente se falava em US$ 250 milhões para um centro de tratamento. Mas, segundo o parlamentar, a tecnologia avançou com possibilidade de equipamentos menores e a custo mais baixo, produzidos na China. Estudos na Unicamp também poderiam contribuir com a incorporação da protonterapia no país.
Paulo Folletto afirmou que busca, com o debate na Câmara, sensibilizar o governo federal para a adoção da protonterapia. E destacou que os resultados são especialmente benéficos para crianças.
“A grande vantagem é que é uma terapia pontual, muito utilizada para tumores cerebrais de medula de crianças. Então nós temos milhões de crianças brasileiras que poderiam estar sendo bem tratadas, salvas ou com uma qualidade de vida muito boa ao longo da sua patologia e que não estão tendo chance nenhuma. Porque um tecido cerebral, ou um tecido medular, de uma criança ainda em fase de amadurecimento, em fase de maturação, se ele recebe uma radioterapia convencional, que é a que nós temos no Brasil, ele queima a estrutura no entorno.”
A gravação da audiência pública na Comissão de Saúde está disponível no canal da Câmara dos Deputados no Youtube e em camara.leg.br.
Apresentação - Ana Raquel Macedo