Painel Eletrônico
Tadeu Veneri: concentração de terra histórica no país leva à violência no campo
12/08/2025 -
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Entrevista - Dep. Tadeu Veneri (PT-PR)
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados faz nesta terça-feira (12) audiência pública sobre a violência no campo. O debate foi pedido pelo deputado Tadeu Veneri (PT-PR).
Em entrevista ao Painel Eletrônico (12), o parlamentar lembra que o 12 de agosto marca o Dia de Luta contra a Violência no Campo, em memória de Margarida Alves. A líder sindical foi assassinada em 1983 em 12 de agosto, na Paraíba, por sua luta pelo direito dos trabalhadores no campo.
Tadeu Veneri destaca que a violência no campo tem raízes históricas, desde a Lei de Terras de 1850, que impediu escravos libertos de terem propriedade. Ao longo do tempo, a concentração de terra se manteve no país, apesar de avanços no combate à violência no campo.
“49% das terras brasileiras que são terras passíveis de serem utilizadas para a agricultura, para pecuária, elas estão na mão de 1% dos produtores rurais e que produzem basicamente commodities. Onde estão essas disputas hoje por terra? Essas disputas estão sendo feitas muitas nas novas frentes ditas frentes agrárias, novas áreas que estão sendo desbastadas principalmente na região Norte e Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, muito pouco no Pará, um pouco no Amazonas e Nordeste. Claro que no sul também temos, mas as disputas maiores continuam sendo nessas regiões,” alertou.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Brasil registrou 2.185 conflitos no campo em 2024, o segundo maior índice desde 1985. O ano passado só não foi mais violento do que o de 2023, quando ocorreram 2.250 casos. Na última década, o aumento de conflitos alcançou 57%.
O total de assassinatos caiu nos últimos dois anos e atingiu o menor patamar da década, segundo relatório da CPT: foram 13 ocorrências em 2024. Em 2022 foram registradas 47 mortes e, em 2023, 31 ocorrências.
O documento destaca que a maior parte das mortes do ano passado ocorreu em áreas de expansão do agronegócio. As principais vítimas foram indígenas, enquanto os principais responsáveis foram fazendeiros.
Apresentação - Ana Raquel Macedo