Comissão quer ouvir usineiros sobre trabalho escravo

21/03/2007 - 19:33  

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público quer ouvir os principais usineiros do País sobre denúncias recentes de uso de mão-de-obra escrava em fazendas de cana-de-açúcar. Requerimento para a realização de audiência pública foi aprovado hoje pela comissão. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 3% das 170 empresas que constam na lista do trabalho escravo no Brasil são usinas de etanol ou fazendas de colheita de cana.

O autor do pedido da audiência, deputado Paulinho da Força (PDT-SP), ressalta que o uso de trabalho escravo ou degradante não combina com um País que quer se destacar no mundo como produtor de álcool combustível. "Se nós estamos querendo disputar o mercado internacional com o etanol, não pode ser com trabalho escravo. Isso não passa mais no mundo moderno. Com certeza, nós temos toda condição de ser o principal exportador de álcool e etanol para o mundo. Só que, com trabalho escravo, nenhum país vai aceitar nosso álcool."

Grupo de trabalho
Paulinho da Força propôs ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a formação de um grupo de deputados e senadores para, junto com o ministério, visitar algumas propriedades de cana-de-açúcar. O convite foi aceito, embora o grupo ainda não esteja formado. Marinho disse que o ministério está atento às denúncias de uso de mão-de-obra escrava nas fazendas e já vem tomando providências para analisar o setor.

O ministro acrescentou que o próximo passo será chamar os empresários para dialogar sobre a questão. "Os empresários brasileiros precisam ter consciência do seguinte: Qualquer repercussão negativa no ambiente do mercado de trabalho brasileiro impactará certamente em restrição para exportação dos nossos produtos ao mercado internacional." Marinho assinalou que a existência de trabalho escravo no Brasil é residual, "mas inaceitável".

A data da audiência ainda não foi definida.

Reportagem - Marise Lugullo/ Rádio Câmara
Edição - Regina Céli Assumpção

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