BMG diz que não sabia que empréstimos se destinavam ao PT
20/09/2005 - 20:30
O banco BMG não sabia que os empréstimos liberados em 2003 e 2004 para o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do "mensalão", se destinavam ao PT. A afirmação é do presidente da instituição financeira, Ricardo Guimarães, em depoimento prestado hoje na sub-relatoria de movimentação financeira da CPMI dos Correios.
Segundo Guimarães, o BMG concedeu quatro empréstimos às empresas de Marcos Valério, no valor total de quase R$ 40 milhões. Só no final de 2004 o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, teria enviado uma carta ao banco declarando-se devedor solidário.
Só uma vez
O depoente admitiu apenas um empréstimo direto do BMG ao PT, que teria sido contraído em fevereiro de 2003, a pedido de Delúbio. Guimarães afirmou que não havia motivos para negar os R$ 2,4 milhões pleiteados pelo partido, já que o PT oferecia as garantias necessárias. "O fundo partidário e o pagamento dos militantes nos foram mostrados como garantias, além do aval de um empresário rico, com patrimônio para responder pela dívida. Havia ainda o aval moral do presidente José Genoino e do tesoureiro. Portanto, tínhamos a garantia do recebimento", disse.
Apesar das "garantias" citadas pelo depoente, o empréstimo ao PT venceu no final de agosto sem ter sido pago, e a dívida está sendo executada na Justiça. Ricardo Guimarães informou que o saldo devedor corrigido já chega a R$ 3,3 milhões.
Reunião com Dirceu
O sub-relator da CPMI, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), não ficou convencido das reais intenções dos empréstimos do BMG ao PT e a Marcos Valério. Ele lembra que os primeiros empréstimos ocorreram em fevereiro de 2003, no mesmo período em que a direção do banco se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. "O que fica muito claro é que, diferentemente do Banco Rural, nesse caso houve aposta em uma intermediação por parte de Marcos Valério para um projeto de médio e longo prazos com o PT e com o governo federal."
Gustavo Fruet argumenta ainda que o BMG sempre priorizou as áreas de crédito consignado e de emissão de títulos, e não os empréstimos comerciais. A maior parte destes últimos foi concedida justamente ao PT e a Marcos Valério, em operações pouco usuais para o mercado e para o próprio banco.
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Edição - Rejane Oliveira
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