Conheça a história do cinema nacional
04/11/2004 - 20:17
O cinema brasileiro iniciou sua história em 1898, com a produção de documentários realizados pelos imigrantes italianos Affonso e Paschoal Segreto. De dentro de um navio francês e com uma câmera inglesa, eles filmaram a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro. Os filmes realizados logo depois também foram documentários de festas e batizados de famílias ricas.
Em 1907, foi inaugurado o Cinematographo Parisiense, um local adaptado onde funciona atualmente o Teatro Glauber Rocha, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Em 1909, foi inaugurado o primeiro cinema brasileiro, o Cine Soberano, hoje Cine Íris, também no Rio de Janeiro. Uma década após os registros dos primeiros documentários, em 1909, foram produzidos 205 filmes e, no ano seguinte, 209. Após o ano de 1911, as produções brasileiras diminuíram devido ao começo da dominação do mercado cinematográfico norte-americano.
As primeiras décadas
Durante os anos 20 e 30, o cinema brasileiro ganhou impulso com os chamados ciclos regionais — núcleos de produções cinematográficas em pontos distintos do País: Recife (PE), Cataguases (MG), Belo Horizonte (MG), Taubaté (SP), Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e Pelotas (RS). Nessa época, o Ciclo de Cataguases foi destaque com a obra-prima Ganga Bruta, produzida em 1933 por Humberto Mauro e considerada um dos melhores filmes brasileiros. O ciclo de Recife produziu Aimoré da Praia, filme que contou com direção de Jota Soares e Gentil Ruiz. O filme Acabaram-se os Otários, de 1929, foi o primeiro sonoro do Brasil.
Nos anos 30, a introdução das chanchadas retomou a força do mercado consumidor. Os estúdios da Cinédia firmaram a fórmula que asseguraria a continuidade do Cinema Brasileiro durante quase 20 anos: a comédia musical, lançando atores como Grande Otelo, Oscarito, Dercy Gonçalves.
A produtora Atlântida, fundada em 1941, pretendia alavancar o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro, tendo produzido 62 filmes. O primeiro grande sucesso da empresa foi Moleque Tião (1943), de José Carlos Burle, com Grande Otelo. No fim da década 40, o sucesso trouxe uma série de novos investidores interessados em participar dos lucros da empresa.
Cinema Novo
Em meados da década de 50, começa a surgir uma estética nacional no cinema. Nessa época são produzidos Agulha no Palheiro (1953), de Alex Viany, e Rio 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos. As produções começam a introduzir temáticas e linguagens nacionais e lançam o Cinema Novo. Paralelamente, destaca-se o cinema de Anselmo Duarte, premiado em Cannes, em 1962, com O pagador de promessas.
Nos anos 60, com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", cineastas se propõem a realizar filmes menos onerosos que refletissem preocupações sociais. Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, é o precursor. Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Os Fuzis, de Rui Guerra, também pertencem à primeira fase, concentrada na temática rural, que aborda problemas básicos da sociedade brasileira, como a miséria no Nordeste.
Após o golpe de 64, a abordagem centraliza-se na classe média urbana. Com Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha, o Cinema Novo busca contornar a censura do Regime Militar. Dessa fase, destaca-se ainda Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade.
Em 1969, a criação da Embrafilme, organismo estatal que financia, produz e distribui filmes, traz condições para que a produção nacional se multiplique.
Décadas de 70 e 80
A experiência cultural do Cinema Novo continua gerando frutos nos anos 70, quando, mais maduro, o cinema brasileiro estréia obras significativas, como Dona Flor e seus dois Maridos, de Bruno Barreto; Pixote, de Hector Babenco; Toda Nudez será Castigada, de Arnaldo Jabor; A Dama do Lotação, de Neville d`Almeida; e Bye, Bye, Brasil, de Cacá Diegues.
Simultaneamente, a "Boca do Lixo" paulista produz pornochanchadas com títulos chamativos e eróticos que, com poucos recursos, aproxima-se do público. Assim, o País chega nos anos 80 ao auge do cinema comercial, produzindo até 100 filmes por ano.
Na década seguinte, a abertura política favorece a discussão de temas proibidos, como em Eles não usam Black-Tie, de Leon Hirszman, e Pra Frente, Brasil, de Roberto Farias, o primeiro a expor a tortura no Regime Militar.
Dias atuais
O fim da reserva de mercado para o filme brasileiro faz a produção cair quase a zero. A crise do modelo de financiamento estatal do cinema culmina na extinção da Embrafilme, em 1990. A partir de 1993, o cinema nacional começa a ressurgir na forma de uma produção limitada, mas de boa qualidade.
O Brasil foi premiado internacionalmente nos anos 90, tendo recebido o Urso de Ouro de Melhor Filme e Melhor Atriz, para Central do Brasil e Fernanda Montenegro, em 1998. O filme Eu Tu Eles, de Andrucha Waddington, saiu vitorioso do Festival de Havana, em 2000, assim como a atriz Regina Casé. Nessa década, o País foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por três vezes: em 1997, por O Quatrilho, de Fábio Barreto; em 1998, por O que é Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto; e em 1999, por Central do Brasil, de Walter Salles, quando a atriz Fernanda Montenegro foi indicada, ainda, melhor atriz estrangeira.
Reportagem - Mauren Rojahn
Edição - Patricia Roedel
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)
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