Especial histórico: A vida de Juscelino Kubitschek

12/09/2002 - 10:46  

A história da vida de Juscelino Kubitschek foi marcada por fatos curiosos. A música o Peixe Vivo do folclore mineiro (Como pode um peixe vivo viver fora d` água fria...) acompanhou momentos alegres e difíceis da vida pública do ex-presidente. Por onde passava, era saudado com a canção popular, que hoje é quase um hino da sua cidade natal, Diamantina/MG.

NASCE UM EMPREENDEDOR
O nascimento, em 12 de setembro de 1902, foi comemorado pelo pai, João César de Oliveira, pela mãe, Júlia Kubitschek, e pelos vizinhos. A alegria daquele momento foi partilhada também com o primo e amigo, conhecido por Zino. Numa carta, seu João César detalhou o nascimento do filho e disse ao primo que tinha nascido o futuro presidente do Brasil.
O tempo mostraria que o palpite estava certo. Em 1955, cinco milhões de brasileiros conduziram Juscelino Kubitschek à Presidência da República. O Brasil passou a conhecer o espírito empreendedor e desenvolvimentista de JK. Estilo que já tinha sido revelado ao povo mineiro, quando foi deputado federal em 1934, esteve à frente da prefeitura de Belo Horizonte, em 1940, e do governo de Minas Gerais, em 1950.

BRASIL AGRÁRIO
Quando Juscelino assumiu a presidência, em 1956, encontrou um Brasil essencialmente agrário e voltado para o mar. A maior concentração de pessoas ficava nas regiões litorâneas, onde foram criados os grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo.
O Centro-Oeste, Norte e Nordeste ainda eram regiões inóspitas, divididas em grandes fazendas. E as poucas cidades ali construídas tinham uma estrutura precária: faltavam estradas, empregos e saneamento básico.
O governo JK foi responsável pela construção de quase 18 mil quilômetros de estradas por todo o País. Com isso, cumpria sua meta de transformar o Brasil de uma nação agrária e litorânia em um país articulado e industrializado.

MAIS ENERGIA
Juscelino Kubitschek investiu pesado no setor energético para possibilitar o desenvolvimento industrial tal como sonhava.
As poucas hidrelétricas existentes na época não dariam conta de suportar toda a capacidade de produção das indústrias que, durante a Era JK, cresceu 80%.
Duas das maiores usinas hidrelétricas existentes no País foram erguidas por Juscelino: Furnas e Três Marias. A capacidade de produção de energia aumentou de 3,5 milhões de Kw para 4,77 milhões Kw no final de 1960.

CRESCIMENTO DE 600%
Antes de JK, carro era um artigo de luxo no Brasil. Os poucos modelos que transitavam pelas ruas eram importados e caríssimos. A maioria da população andava de bonde ou ônibus.
Durante o governo de JK, os carros começaram a ser produzidos no País e tornaram-se mais baratos. Com os incentivos fiscais e subsídios concedidos por Juscelino, foram abertas novas indústrias e o setor cresceu 600%.

PLANO DE METAS
Para o cientista político Antônio Cintra, Juscelino Kubitschek foi o presidente mais bem sucedido do País. Ele disse que o ousado Plano de Metas de JK, que previa crescimento de 50 anos em apenas cinco, estabeleceu profundas mudanças para o crescimento do País e já foi objeto de tese acadêmica do atual ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, para quem a história do Brasil está dividida em duas: antes e depois de JK.

LIDERANÇA
Antônio Cintra acredita que o sucesso do Plano de Metas se deve ao espírito de liderança de JK. "Um homem, que apesar de toda as oposições, às vezes uma oposição rancorosa, conseguiu muito consenso. Ele foi ameaçado por rebeliões militares, mas tratou todo mundo com muita generosidade, e conseguiu realmente fazer o Plano de Metas funcionar". Para o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, Juscelino é um exemplo de estadista e líder político.

DETERMINAÇÃO
Segundo o coronel Afonso Heliodoro dos Santos, que trabalhou com Juscelino desde 1945 como ajudante de ordens, a maior qualidade do ex-presidente era a determinação. Uma convivência de mais 30 anos que ficou na memória. "O nosso contato era permanente, diuturno. Eu não saia antes da meia-noite e nunca chegava ao palácio depois das sete horas. Tenho uma carta dele de Paris, dizendo que eu era a primeira pessoa que ele via, com quem tratava dos primeiros assuntos, e a última que ele via à noite, antes de dormir. Todas as coisas que ele fazia, todas as atitudes, as palavras eram marcantes para nós que trabalhávamos com ele, mas a grande emoção para todos nós foi a construção de Brasília".
Para o coronel Heliodoro, hoje presidente do Instituto Cultural e Geográfico do DF, a maior herança deixada por JK foi a confiança no Brasil. Segundo ele, o otimismo do ex-presidente levou a nação para a trilha do desenvolvimento.

SONHO
O sonho de Juscelino, a construção de Brasília, tornou-se real em 1960. Em um tempo recorde, três anos e sete meses, milhares de homens fizeram nascer no Planalto Central a nova capital do País.
"Uma grande civilização nascerá entre os paralelos 15ª e 20º" profetizou Dom Bosco.
Em 1716, o Marquês de Pombal sugeriu pela primeira vez a necessidade de interiorizar a capital do País. Em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva retornou ao assunto da interiorização da Capital, sugerindo inclusive o nome "Brasília". Finalmente, em 1891, na 1ª Constituição da República, foi estabelecida legalmente a região onde deveria ser instalada a futura Capital.
Em 07 de setembro de 1922, ano do Centenário da Independência do Brasil, foi lançada no morro da Capelinha, em Planaltina, a Pedra Fundamental do Distrito Federal.
Em 21 de abril de 1960, após mil dias de construção, o Presidente Juscelino Kubitschek inaugura a nova Capital e instala o Distrito Federal.

FRENTE DE OPOSIÇÃO
Em 31 de janeiro de 1961, JK entrega o cargo de presidente a Jânio Quadros. É eleito senador pelo estado de Goiás, e cassado em junho de 1964. O ex-presidente é exilado, e volta ao Brasil apenas em abril de 1967. Para combater o regime autoritário, funda no ano seguinte a Frente Ampla de Oposição.
Juscelino Kubitschek veio a falecer, em 22 de agosto de 1976, vítima de acidente de carro ocorrido na Rodovia Presidente Dutra, Km 165, no Município de Resende, no Rio de Janeiro.

COMEMORAÇÕES
O Brasil, ao longo desse ano, preparou um extensa agenda de comemorações para celebrar o centenário de nascimento de Juscelino Kubitschek.
Na programação, eventos culturais, shows, lançamento de moedas e livros, exposições e concursos.

MOEDAS
Entram em circulação hoje três moedas comemorativas do centenário de JK: uma moeda no valor de R$ 1, com tiragem de 50 milhões de unidades; uma moeda de prata no valor de face R$ 2, tiragem limitada a 20 mil unidades e custo de R$ 55. No reverso dessa moeda estarão as ilustrações do Congresso Nacional e da Catedral de Brasília.
A terceira moeda será de ouro com valor de face de R$ 20, da qual serão vendidos 5 mil exemplares por R$ 453 cada um. No reverso dela aparecem dois ícones do impulso desenvolvimentista de JK: a indústria de base e a torre de transmissão de energia elétrica.
Quem quiser poderá adquirir as moedas de prata e ouro em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Confira a programação:

Os 100 anos de JK terão sessão solene no Congresso

Por Carmem Fortes e Natalia Doederlein/ RCA

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

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