Deputado lista ônus das pretensões internacionais do Brasil
15/09/2009 - 21:39
Na audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional nesta-terça-feira sobre a política externa brasileira, os parlamentares analisaram as vantagens e as desvantagens de o País assumir um papel protagonista no cenário internacional para garantir a democracia na América do Sul.
A requerimento do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), o analista político Amaury de Souza apresentou dados de pesquisa realizada entre comunidade brasileira de política externa. O levantamento identifica a reestruturação das Forças Armadas como uma das prioridades da estratégia nacional de defesa.
Numa visão integrada da política externa, esse reaparelhamento está ligado ao novo papel que o País pretende assumir no cenário internacional, com a busca por um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Ônus
O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) lembrou que esse protagonismo reforçado não tem apenas vantagens, mas acarreta também inconvenientes que o Brasil não parece estar preparado para enfrentar. Para ele, ao arbitrar conflitos globais, o Brasil passará a estar na mira de ameaças terroristas, para as quais não existe, aparentemente, nenhum plano de contingência.
Além disso, o País poderá ser chamado a se envolver, inclusive com tropas, em conflitos regionais de repercussões globais, como o conflito árabe-israelense ou a situação em Darfur. A sociedade brasileira, e o Congresso Nacional, não têm participado do debate dessas questões, disse Jungmann.
A estratégia de defesa nacional não passa pelo Congresso, segundo o deputado. "Temos um hiperpresidencialismo, que gera uma política de governo, não de estado. E não sei se nós temos embocadura para essas responsabilidades de liderança", afirmou.
Para Amaury de Souza, é importante que o país esteja preparado para desempenhar um papel regional estabilizador. "A estabilidade é o principal bem público produzido pelo Brasil e oferecido à região". A aliança com a França estaria inserida nessa filosofia, uma vez que contrabalança a hegemonia militar americana no norte e a aproximação de Chávez com a Rússia. "Temos de desestimular qualquer aventura militar ao nosso redor", afirmou.
Política espacial
O deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP) criticou o aparente abandono da ambição brasileira de ter um veículo lançador de satélites, desde a explosão na base de Alcântara. Esse projeto daria ao Brasil a capacidade de produzir um míssil, fortalecendo a capacidade bélica nacional.
Amaury destacou a importância da vigilância na estratégia nacional de defesa, o que implica no emprego de satélites e de aviões de reconhecimento, mas enfatizou que a indústria bélica deve ser capitaneada pela iniciativa privada.
Já o deputado Fernando Gabeira, defendeu a inclusão de uma estratégia nacional de defesa do meio ambiente na agenda internacional do Brasil. Reportagem - Rejane Xavier
Edição – Natalia Doederlein
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