UnB e Arquivo Nacional têm programas de inclusão de deficientes
20/08/2009 - 20:59
O técnico em assuntos educacionais da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Eloi Evelin relatou, nesta quinta-feira, a experiência com deficientes desenvolvida pela Apae do Distrito Federal em conjunto com a UnB desde 2006. Ele explicou que já havia iniciativas em outros estados, mas nenhuma de tal porte e com a atuação de uma universidade pública. Eloi foi um dos participantes do debate sobre qualificação profissional em parceria com instituições de governo, realizado no 1º Fórum de Deficiência Intelectual.
Os deficientes e seus instrutores são treinados pela Biblioteca da UnB. "Lá, eles aprenderam higienização, conservação e restauro de livros antigos. Graças à competência com que foram treinados, hoje vários estão empregados; inclusive oito aprendizes e um instrutor fazem parte da equipe da Câmara dos Deputados", relatou.
A supervisora de Preservação da Coordenação Regional do Arquivo Nacional, Emiliana Brandão, também expôs uma experiência nos mesmos moldes. "A participação desses profissionais se tornou muito importante para nós. Eles têm que cumprir horário, assinar ponto e desenvolver as atividades comuns de qualquer profissional", disse.
Alta rotatividade
A coordenadora educacional do Colégio Santa Doroteia, de Brasília, Valéria Calmon, divulgou uma pesquisa sobre a empregabilidade dos deficientes intelectuais no Distrito Federal. O levantamento foi feito nos últimos dois anos com deficientes que estavam em dez empresas.
Segundo a pesquisa, metade deles trabalha no comércio. Em geral, são jovens e passaram mais de oito anos estudando. A pesquisa aponta que 60% dos portadores de deficiência trocam de emprego após um período de um a quatro anos. Além disso, 76% deles já estiveram desempregados. O levantamento mostrou que 78% não desejariam trocar de emprego.
Valéria disse que o trabalhador com necessidades especiais, quando é treinado e capacitado como qualquer outro, está longe de ser um problema para a empresa, mas não é assim que parte do mercado veria a questão. "Existe uma diferença, inclusive nos nomes dados às funções, para disfarçar diferenças entre os salários pagos aos deficientes e aos demais empregados", aponta.
Fiscalização melhor
O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) questionou a metodologia e o treinamento dos pesquisadores que participaram do levantamento. Ele destacou, entre os resultados, o fato de boa parte desses trabalhadores estar no primeiro emprego, o que atribui à melhora na fiscalização da lei de cotas.
Barbosa destacou também que é no mercado de trabalho, na própria empresa, que se formam não apenas os profissionais, mas os indivíduos como um todo. Por isso, lamentou o dado da pesquisa que aponta a alta rotatividade. "Eu não havia visto esse tipo de informação em nenhum outro levantamento. Falta ainda às empresas privadas a noção da importância de formar e treinar bem os trabalhadores deficientes", afirmou. Reportagem – Juliano Pires
Edição – João Pitella Junior
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