Região Norte tem mais ocorrências de trabalho escravo
26/09/2008 - 14:34
A Região Norte é a responsável pela maior quantidade de registros de utilização de mão-de-obra em condição análoga à de escravidão. Dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho demonstram que essa prática ocorre principalmente no estado do Pará, de onde o ministério recebe a maior parte das denúncias. O Maranhão, no Nordeste, aparece como o maior provedor de mão-de-obra escrava no País.
De 2003 a 2007, período pesquisado pelo ministério, foram resgatados 21.874 trabalhadores em situação degradante. Desse universo, o ministério fez amostragem com 14.329 pessoas, e o estado do Pará responde por 5.242 libertações. "Das 60 ações que realizamos entre janeiro e julho de 2008, 17 foram no Pará, com a retirada de 413 pessoas em situação irregular de trabalho", declarou o coordenador do Grupo Móvel de Erradicação do Trabalho Escravo, Marcelo Campos.
O Maranhão fornece grande parte da mão-de-obra utilizada no Pará, principalmente para atividades de agropecuária e produção de carvão vegetal. No período, foram identificados 3.349 trabalhadores originários do Maranhão, muitos deles encontrados nas atividades sucroalcooleiras em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Promessas falsas
Os "gatos" (contratadores) aliciam trabalhadores maranhenses com promessas de bom emprego no Pará. Muitos deles deixam suas famílias para tentar a sorte no estado vizinho, porém acabam se tornando escravos dos patrões, principalmente pelas dívidas contraídas com transporte, comida e hospedagem. "O endividamento é uma das formas mais comuns de escravidão que encontramos. O trabalhador paga por tanta coisa que, ao fim do mês, não tem salário a receber e acredita que ainda deve ao patrão", explica Campos.
Após o Pará, aparecem os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com 1.736 e 1.608 trabalhadores resgatados respectivamente no período. O Mato Grosso do Sul também aparece como o segundo maior fornecedor de mão-de-obra escrava. Marcelo Campos informa que os números elevados em Mato Grosso do Sul se devem a duas grandes operações ocorridas no estado em 2007, que totalizaram a retirada de 1.509 trabalhadores de usinas de cana-de-açúcar. Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição - Pierre Triboli
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