Indústria farmacêutica tem lucro de 600%, diz instituto

09/04/2008 - 21:39  

O coordenador do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), Antonio Barbosa, afirmou em audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor que hoje no Brasil não existe nenhum medicamento que tenha margem de lucro inferior a 600%, "por mais barato que seja o remédio", ressaltou. "A Anvisa não se preocupa em fazer um caderno de preços dos medicamentos, que poderia levar a uma redução de até 40% nos preços", critica. "Por que os laboratórios oficiais não participam dessa cadeia que possibilitaria o fracionamento?", questiona.

Barbosa afirmou ainda que, se a Anvisa não cumprir o seu papel de fiscalizar, não há como as farmácias cumprirem o fracionamento dos remédios. "Se a cadeia sanitária não funcionar, o paciente não terá acesso ao medicamento", disse. Barbosa ressaltou que a lei sanitária não é cumprida e criticou a resolução 1.102/01 da Anvisa que, no seu entender, permite a maquiagem dos medicamentos, com novas embalagens, formatos, indicações terapêuticas e outros dispositivos. Segundo Barbosa, quando existia a Central de Medicamentos (Ceme), de 1971 a 1987, havia maior acesso da população aos medicamentos e geralmente na quantidade necessária.

Sem confiança
O presidente da Federação da Indústria Farmacêutica (Febrafarma), Ciro Mortella, chamou a atenção para o fato de que a indústria fabrica o medicamento mas não tem responsabilidade pela sua comercialização, que cabe às farmácias e drogarias. "Cabe aos órgãos reguladores a discussão com a indústria sobre as quantidades de medicamentos comercializados", disse.

"Não nos interessa que sobrem medicamentos na casa dos pacientes. Nós não lucramos com o que está sobrando. A indústria lucra com os medicamentos que são necessários. No Brasil se compra medicamento, a qualquer hora e em qualquer lugar, sem receita médica. Em qualquer país da Europa, só se vende, por exemplo, ácido acetil salicílico (aspirina) com receita médica. O sistema tem que ser seguro para poder funcionar. Nós da indústria não confiamos no que está acontecendo na ponta (comércio)."

O faturamento da indústria farmacêutica, segundo ele, é de R$ 25 bilhões. "Nós queremos um sistema de saúde que garanta proteção ao consumidor", ressaltou Mortella na audiência pública promovida pela Comissão de Defesa do Consumidor.

Reportagem - Newton Araújo Jr.
Edição - Regina Céli Assumpção

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