Educação, cultura e esportes

Comissão pode ir ao Rio apurar denúncia de tráfico de influência da Fifa

20/06/2011 - 12:21  

Arquivo - David Ribeiro
Jonas Donizette
Donizette: e-mails podem ser tráfico de influência.

O presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputado Jonas Donizette (PSB-SP), informou que vai propor uma visita do colegiado ao Rio de Janeiro para investigar o envio de e-mails da Federação Internacional de Futebol (Fifa) pedindo a "cooperação" das sedes da Copa do Mundo de 2014 em favor de patrocinadores. Para o deputado, o ato pode ser considerado “tráfico de influência”.

Donizette propõe que a comissão se reúna com o comitê organizador da Copa no Rio. Ele apresentará requerimento na próxima reunião da comissão, que ainda não tem data marcada.

As denúncias foram publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo no último dia 13. De acordo com a matéria, documentos mostram lobby da Fifa em favor de patrocinadores da entidade no setor de energia solar, seguros e produção de brindes. A entidade pediu "cooperação" nas licitações para as empresas parceiras. Em nota ao jornal, a Fifa admitiu que mandou comunicados sobre oportunidades de cooperação com os parceiros da Copa de 2014, mas afirmou que não obriga as cidades a contratarem as empresas.

Já existe um requerimento de autoria do deputado Romário (PSB-RJ), aprovado pela comissão, convidando o presidente como Comitê Organizador da Copa, Ricardo Teixeira, para comparecer à comissão e prestar esclarecimentos sobre denúncias de corrupção na organização da Copa. “Mas o convidado pode aceitar ou não o convite”, disse Donizette.

Por isso, ele considera importante que a comissão aprove seu requerimento para proceder à investigação in loco. A secretaria da comissão informa que o convite a Teixeira já foi enviado, mas ainda não houve resposta.

Para Romário, “a última coisa que o País precisa é de mais escândalos de corrupção para interferir no processo de andamento das obras e de qualificação profissional que esses grandes eventos esportivos exigem de um país-sede”. Segundo ele, “isso deveria ser feito com a respeitabilidade e a transparência que o povo brasileiro merece”.

Luiz Alves
Vaz de Lima
Vaz de Lima: audiência para debater o assunto.

Fiscalização
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara também vai investigar o assunto. A comissão aprovou audiência pública, requerida pelo deputado Vaz de Lima (PSDB-SP), para discutir “formas de coibir as práticas de direcionamento nas licitações” para a Copa. “Diante da gravidade dos fatos publicados pela Folha de S.Paulo, é imprescindível que a comissão discuta formas de coibir o direcionamento nos processos de licitação, prática nefasta que beneficia este ou aquele concorrente em razão de indicação ou outro tipo de favorecimento”, disse o deputado.

Serão convidados o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo, relator dos processos referentes à fiscalização da Copa do Mundo de 2014; o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage; o ministro do Esporte, Orlando Silva; e um representante da Rede de Informações para Controle dos Gastos Públicos na Organização da Copa do Mundo de 2014 (Rede da Copa), preferencialmente dos tribunais de contas dos estados. A audiência ainda não tem data marcada.

Também aguarda análise na comissão uma proposta de fiscalização e controle (PFC 13/11), do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), para investigar irregularidades denunciadas pela imprensa a respeito de Ricardo Teixeira, do Comitê Organizador Local da Copa e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Entre os assuntos a serem investigados estão o critério de divisão dos lucros da Copa e os acordos firmados entre a CBF e as redes de TV e patrocinadores.

CPI
A despeito do pedido de alguns parlamentares, o presidente da Câmara, Marco Maia, descartou a necessidade de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as ações da Fifa em relação à Copa do Mundo. Maia ressaltou que a Casa já tem mecanismos de acompanhamento das obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. "Nós temos é de fazer com que os instrumentos que a Câmara possui possam ser acionados para fiscalizar e acompanhar a organização desses eventos”, disse.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Pierre Triboli
Com informações da Rádio Câmara

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