Expressão Nacional

O Senado Paraguaio destituiu o presidente Fernando Lugo por “mau desempenho das funções”. A mudança provocou reação nos países vizinhos, que consideraram o processo rápido e sem chances de defesa para Lugo. Os países não reconheceram o novo governo e alguns tratam o processo como golpe. O Brasil chamou seu embaixador para consulta, o Equador declarou que não vai reconhecer o novo governo paraguaio de Federico Franco; a Venezuela cortou a exportação de petróleo; e o Mercosul deve suspender a participação do Paraguai no Bloco, mas sem sanções econômicas. Por outro lado, a mudança no Paraguai foi reconhecida e apoiada prontamente por autoridades europeias, como a alemã e a inglesa, e pelos Estados Unidos. A Suprema Corte de Justiça do Paraguai considerou o processo legal e negou os recursos do presidente deposto.
A crise chama a atenção porque o Paraguai fica no centro da América do Sul. O país tem 6,5 milhões de habitantes, a produção econômica é basicamente agrícola e divide com o Brasil a gestão da Usina de Itaipu, importante para o fornecimento de energia para o Sul e Sudeste brasileiros. A questão agrária é considerada um dos temas mais delicados. Os brasiguaios, produtores rurais de origem brasileira que vivem no país, são responsáveis pela maior parte da produção agrícola, praticamente todo o plantio de soja. O Congresso Paraguaio é o único do bloco que ainda não ratificou a entrada da Venezuela no Mercosul. O processo está pendente há seis anos.
Embora nas ruas da capital paraguaia o clima seja de calmaria, muitos temem um isolamento internacional, incluindo sanções econômicas e, entre os líderes latino-americanos, chega-se a cogitar a expulsão do país de organismos multilaterais como a Unasul e o Mercosul. Mas quais seriam as consequências? A aproximação do Paraguai com outras potências fora do bloco preocupa o governo brasileiro? Como fica o equilíbrio de forças na região? Qual deve ser o papel do Brasil na crise e como fica a situação do Mercosul?