Câmara Hoje

Até o dia 14/05, quem vier à Câmara dos Deputados vai poder conhecer, através da arte de um chargista pernambucano, uma das figuras mais representativas da cena política brasileira. Miguel Arraes, um cearense que fez carreira política em Pernambuco e foi governador e exilado político, é o tema da exposição "Arraestaqui".
A exposição é um passeio bem humorado pela história recente do Brasil, na qual Miguel Arraes de Alencar, um dos últimos grandes mitos da política brasileira, é o personagem principal. No dia da abertura, amigos, políticos, parentes e admiradores vieram à Câmara, lembrar a figura quase lendária do ex-governador, ex-deputado e ex-prefeito. Pelas paredes do corredor do Anexo 2, o visitante pode apreciar e se divertir com algumas das 9 mil charges produzidas ao longo de 22 anos pelo jornalista Lailson de Holanda Cavalcanti. Para ele, a coerência política foi a principal característica de Arraes.
Em cada charge, uma das muitas marcas que definiam Miguel Arraes. Caladão, parecia uma coruja que adorava ficar ouvindo, assuntando, prestando atenção. Arraes de índio pele-vermelha se refere à sabedoria e ao seu caráter conciliador, representado pelo cachimbo da paz. Arraes entre Leonel Brizola e Lula, de quem foi aliado, é o bom articulador, que percebia a hora de firmar alianças improváveis como a que terminaria garantindo a vitória de Tancredo Neves. Mas o melhor retrato de Arraes é o da figura tranquila, jeitão sertanejo, boa praça, amigo e defensor dos pobres, que foi a vida inteira. Um socialista que chegou a ser arrastado pela polícia pelas ruas de Recife, nos idos de 1964, e que voltou nos braços do povo, no final dos anos 70, quando começaram a soprar os tempos da abertura e ele retornou do exílio.

Créditos:
- Reportagem - Paulo José Cunha
- Laílson de Holanda Cavalcanti – jornalista

Texto atualizado em 07/05/10, às 11h49.