Memória Política

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15/11/2007

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José Mindlin – Histórias e Vícios

José Mindlin adquiriu seu primeiro livro raro aos 13 anos – "Discurso sobre a História Universal", de Bossuet, edição portuguesa de 1740. Nos 80 anos que se seguiram, o empresário adquiriu mais de 35 mil obras, muitas delas raríssimas, outras únicas. Ele é considerado o maior bibliófilo, colecionador de livros, brasileiro. Esta é uma das muitas histórias que fazem parte deste documentário.

Mindlin conta como este seu quase século de vida foi preenchido pela participação em fatos marcantes da história brasileira. Ele fala, por exemplo, de seu envolvimento com os revolucionários de 1930, quando tinha apenas 15 anos, e de sua participação em momentos trágicos da vida nacional, como o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, nas dependências no DOI CODI, do II Exército. Vlado tinha sido escolhido por ele para dirigir a TV Cultura quando ocupou a Secretaria de Cultura, no governo paulista de Paulo Egydio Martins, em 1975. Mindlin apostava na abertura política no governo Ernesto Geisel. E esta aposta teve muitas costuras, até do general Golbery do Couto e Silva, com quem manteve longa reunião em São Paulo.

Mindlin conta ainda como na juventude quase se envolveu com a Bucha, do alemão Bürschenschaft (confraria dos camaradas), uma sociedade secreta que comandou a política brasileira no final do século XIX até 1930. Mas é o seu vício, os livros, que ele gosta de nutrir. Nos amplos espaços de sua biblioteca passeia entre os originais datilografados de "Grande Sertão Veredas", de Guimarães Rosa, ou "Um Mundo Coberto de Penas", de Graciliano Ramos, que mais tarde receberia o nome definitivo: "Vidas Secas". Algo que passaria desapercebido hoje na era do computador quando o termo deletar apaga muitas memórias. Ele tem apenas uma dúvida: se o que lhe dá mais prazer é garimpar estes originais ou poder manuseá-los.

Em 2006, Mindlin foi eleito para ocupar a cadeira número 29 da Academia Brasileira de Letras. No mesmo ano, decidiu doar todas as obras brasileiras da vasta coleção pessoal à Universidade de São Paulo, que renomeou a biblioteca como Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

José Mindlin faleceu em 2010.

Roteiro e Edição: Roberto Stefanelli - Edição de Imagens: Joelson Maia - Videografismo: Ernani Pelúcio - Entrevistas: Ana Maria Lopes, Ivan Santos e Tarcísio Holanda - Produção: Rita Andrade e Pedro Henrique Sassi - Trilha Original: Alberto Valério - Produção Executiva: Getsemane Silva e Marcya Reis - Fotografia: Francisco Nilton - Imagens: Cláudio Adriano

Memória Política

Entrevista com personalidade envolvida em fatos importantes da história contemporânea

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