20/09/2021 13:59 - Educação
Radioagência
Seminário na Câmara homenageia centenário de Paulo Freire e lembra importância do legado do educador
TEC: SOBE SOM LECI BRANDÃO
Com uma interpretação do Hino Nacional, a cantora Leci Brandão abriu homenagem na Câmara dos Deputados aos 100 anos do nascimento do educador Paulo Freire, completados no dia 19 de setembro. O centenário foi lembrado em seminário promovido pelas comissões de Legislação Participativa; de Cultura; de Direitos Humanos e Minorias; e de Educação. Patrono da Educação Brasileira, por lei aprovada em 2012 (Lei 12.612/12), Paulo Freire é reconhecido mundialmente, sendo nomeado doutor por várias universidades estrangeiras.
Os deputados que participaram do evento citaram obras de Freire como “Pedagogia do Oprimido”, que parte da conscientização dos estudantes e dos professores sobre a realidade em que eles estão inseridos. A deputada Marília Arraes (PT-PE), uma das autoras do requerimento para o seminário, lembrou que o educador é alvo hoje de ataques de alguns grupos que, segundo ela, não o conhecem:
“Primeiro porque eles não leram Paulo Freire. Isso é óbvio porque eles não leem. E segundo porque aqueles que tentam doutriná-los, se leram Paulo Freire, eles têm uma objeção muito grande à meta dele que era transformar o Brasil numa nação. Tudo o que querem destruir hoje. ”
Paulo Freire participou da elaboração de um Plano Nacional de Alfabetização para o governo João Goulart, mas o planejamento nem chegou a sair do papel porque o regime militar veio em seguida, em 1964, e o educador teve que ficar 15 anos fora do país. De volta ao Brasil, Freire iniciou trabalho como secretário de Educação da prefeitura de São Paulo, em 1989, no governo de Luiza Erundina (Psol-SP), hoje deputada federal pelo Psol.
Paulo Freire morreu em 1997 aos 75 anos.
TEC SOBE SOM EDUCANTUS
O coral paulistano Educantus participou da homenagem a Paulo Freire na Câmara, com a música do Titãs, “Enquanto Houver Sol”. A viúva do educador, Nita Freire, disse que o marido era uma “alma generosa”:
“Paulo tomava a experiência, a vivência, porque ele nunca trabalhou ideias, Paulo trabalhou a vida das pessoas, a sua própria vida. ”
Lisete Arelaro, doutora em Educação, trabalhou com Paulo Freire em São Paulo e destacou a importância que a gestão democrática da educação tinha para ele:
“Uma das primeiras atividades que Paulo Freire teve foi criar um pequeno vídeo chamado ‘Aceita um conselho?’. Tinha aquele sentido dúbio sobre ao mesmo tempo dar um conselho e criar um conselho na escola de caráter deliberativo. Para que, de forma inovadora, pais, mães, avós, comunidade pudessem participar de uma forma mais interessante, mais ativa, mais construtiva na escola. ”
Três projetos em tramitação na Câmara (PL 1.930/19) querem revogar a lei que nomeou Paulo Freire patrono da educação brasileira. O deputado Heitor Freire (PSL-CE), autor de um dos projetos, argumenta que as ideias do educador são responsáveis pelo mau desempenho da educação nacional. A deputada Luiza Erundina, autora da lei, disse que a revogação do título significaria um novo exílio para Paulo Freire:
“Transformaremos, pois, todos os atos de celebração do centenário para manifestar nossa profunda indignação e gritar a plenos pulmões: Paulo Freire vive e será sempre o patrono da Educação brasileira. ”
Paulo Freire ganhou vários prêmios, entre eles o de Educação para a Paz, título dado em 1986 pela Unesco. Segundo Nita Freire, ela foi comunicada de pelo menos 80 eventos no Brasil em celebração ao centenário. E deixou o seminário da Câmara mais cedo para participar virtualmente de mais uma homenagem, na Universidade de Barcelona, na Espanha.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Sílvia Mugnatto