30/03/2017 12:10 - Trabalho
Radioagência
Reforma da Previdência reduzirá gasto social e levará País à estagnação, diz economista
A reforma da Previdência [PEC 287/16] poderá levar o País a um longo ciclo de estagnação econômica. A afirmação foi feita pelo economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, em audiência pública na comissão especial que analisa a proposta enviada pelo governo.
Pochmann afirmou que a reforma vai reduzir os gastos sociais do governo. Como estes gastos representam uma parcela importante da economia, o crescimento será afetado e o País terá dificuldade de combater o desequilíbrio fiscal:
"Não há saída para o deficit com redução da atividade econômica, com redução de gastos. Não me parece, portanto, que a saída será a forma como está sendo encaminhada a reforma da Previdência, pois podemos ter, inclusive, um tiro no pé, na medida em que pode reduzir a queda na arrecadação. [...] Se nós viermos a comprometer de fato o gasto social, o Brasil pode, na verdade, entrar num ciclo de longa duração de estagnação."
Para Pochmann, a redução dos benefícios previdenciários e assistenciais vai forçar os trabalhadores a buscar novos empregos para complementar a renda, elevando a taxa de desemprego. A previsão dele é que a reforma poderá levar a taxa para um patamar de até 25%. Em 2016, o desemprego do país foi de 11%.
A afirmação de Pochmann foi rebatida por parlamentares favoráveis a mudanças na Previdência. Para Marcus Pestana, do PSDB mineiro, a Previdência brasileira possui um deficit elevado que se não for combatido poderá piorar a situação das contas públicas e da economia:
"Se não tiver o ajuste, e a Previdência é uma parte central nisso, nós vamos novamente empurrar o Brasil para a beira abismo. [...] Teremos o aumento do desemprego, e da recessão e vamos destruir qualquer perspectiva de retomada do desenvolvimento sustentado."
Contrária à reforma previdenciária, a deputada Jandira Feghali, do PCdoB do Rio de Janeiro, concordou com Marcio Pochmann e disse que a saída para a crise econômica e fiscal é o investimento público, principalmente na área social:
"A saída é a economia, não é mudança da regra da cobertura dos gastos sociais. A gente tem falado isso aqui."
Já o deputado Pepe Vargas, do PT gaúcho, defendeu que a mudança nas regras previdenciárias só deve ser discutida em momentos de crescimento econômico e não agora, quando o País passa por uma recessão.
A comissão especial que analisa a reforma da Previdência se encaminha agora para a conclusão da fase de audiências públicas, que iniciaram em fevereiro.
Com o término dessa fase, os deputados ficarão aguardando a apresentação do relatório do deputado Arthur Oliveira Maia, do PPS baiano. Ele se comprometeu a conversar com todas as bancadas partidárias antes de entregar o texto para votação.