29/03/2017 14:10 - Relações Exteriores
29/03/2017 14:10 - Relações Exteriores
Após 143 dias do desaparecimento dos 12 brasileiros que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos, a comissão externa que acompanha o assunto na Câmara cobra atuação mais efetiva do Itamaraty.
O colegiado já encaminhou um pedido de informações ao Ministério de Relações Exteriores (MRE) que deve responder no prazo de 10 dias. O não cumprimento pode ser enquadrado como crime de responsabilidade. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) fala em descaso das autoridades:
"Há um sentimento de abandono, de descaso em relação aos brasileiros. Qualquer outro país do mundo não aceitaria essa situação. Nenhuma informação do que ocorreu naquele dia 6 de novembro de 2016. Os familiares cobram do país uma resposta."
O barco com 12 brasileiros e 5 dominicanos teria deixado as Bahamas no dia 6 de novembro. No dia 15, familiares entraram em contato com a embaixada do Brasil em Nassau relatando o desaparecimento. As autoridades caribenhas ainda não se manifestaram oficialmente sobre as suspeitas de naufrágio ou ainda se foram vítimas dos chamados coiotes, criminosos que facilitam a entrada ilegal em outro país em troca de dinheiro, colocando em risco a vida de quem quer tentar, ou, muitas vezes, atentando contra a vida delas.
A comissão ouviu a jornalista Eulália Moreno, que investiga o caso desde dezembro e descarta a hipótese de naufrágio. Ela alega que não houve relato de naufrágio pelas autoridades costeiras no dia do desaparecimento e que as condições de navegação eram favoráveis.
Eulália trabalha com três cenários possíveis. No primeiro, os brasileiros continuam nas Bahamas detidos em uma prisão. No segundo cenário, teriam sido vítimas de criminosos na praia antes de embarcarem. No terceiro, os brasileiros teriam sido sequestrados em alto mar por uma quadrilha de narcotraficantes.
Segundo a jornalista, as autoridades nacionais não tomaram medidas concretas para evitar um acidente diplomático com o país caribenho:
"O naufrágio interessa muita gente, o naufrágio é uma fatalidade. Agora, uma chacina, que denuncie quadrilhas que operam naquela região... O nosso mito é que as Bahamas são os cruzeiros, os cassinos, mas não, aquilo é uma terra de bandidos."
Os deputados da comissão externa vão viajar para as Bahamas e para a República Dominicana para investigar o caso. Antes disso, devem ouvir a delegada brasileira, lotada na Flórida, responsável por monitorar as investigações locais; o delegado Raphael de Luca, da Polícia Federal, responsável pela operação no Brasil; e familiares dos brasileiros desaparecidos.
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