15/12/2016 22:09 - Comunicação
Radioagência
Pesquisadores defendem mais participação dos cidadãos na gestão pública
Pesquisadores defenderam nesta quinta-feira (15) uma maior participação do cidadão para garantir uma gestão pública democrática. Eles participaram do seminário internacional "Comunicação e Participação Social na Esfera Pública em Tempos de Cidadão Digital", promovido pela Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados.
O diretor de Inovação e Gestão do Conhecimento da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Guilherme de Almeida, afirmou que o desafio maior é fazer com que as pessoas se vejam como parte das instituições.
“Eu acho que a gente precisa reconstruir um caminho de diálogo, de debate e de construção, em conjunto com a sociedade. Se o cidadão fizer parte do processo, a gente tem instituições mais fortes, a gente tem uma democracia mais pulsante.”
Para Almeida, o desafio de um governo aberto é "derrubar paredes" com a construção de canais para atuação do cidadão. Segundo ele, não basta ouvir o cidadão, mas fazer dele sujeito da política pública.
Guilherme de Almeida reconheceu que há diferentes órgãos de governo com soluções nas áreas de transparência, participação social e accountability – prestação de contas.
Uma das ideias para aproximar a população das ações governamentais foi apresentada pelo estudioso Andrés Martano, do Colaboratório de Desenvolvimento e Participação da Universidade de São Paulo (USP). O laboratório criou o "Cuidando do meu bairro", ferramenta de análise da execução orçamentária da prefeitura paulistana pelo mapa da cidade.
A proposta permitiu que cada pessoa pudesse ver quanto o município gastou em obras e serviços em seu bairro.
Segundo Martano, a ferramenta foi reestruturada para atender a demanda dos usuários por mais informação orçamentária.
A gente começou simplesmente mapeando o orçamento, a execução orçamentária. Aí veio a ideia de colocar também essa parte de pedido de acesso à informação. Para que a pessoa não só visse o orçamento mapeado, mas pudesse tirar dúvidas. Porque tem muitas coisas que a gente não consegue mapear ou tem muitas respostas que não estão simplesmente na execução orçamentária.
A pesquisadora do laboratório de inovação GovLab, sediado na Universidade de Nova York (Estados Unidos), María Hermosilla, afirmou que governos têm dificuldade em trabalhar de forma colaborativa por apresentar ideias sem analisar problemas.
Segundo ela, a experiência da entidade com representantes do setor público é de pouco aprofundamento nos problemas. Hermosilla afirmou que os gestores normalmente vêm com ideias a serem implementadas sem querer estudar melhor cada tema.
Para Hermosilla, um elemento chave no trabalho com governos é encontrar um líder comprometido que acredite na gestão colaborativa. O GovLab trabalha com capacitação e formação de funcionários públicos e líderes sociais com foco em governança baseada em dados – para disponibilizar o maior número de dados possíveis, e governança colaborativa – para aproveitar conhecimentos da sociedade em geral para solucionar problemas públicos.