04/04/2016 19:54 - Direitos Humanos
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Desde 2008, a Câmara dos Deputados pode contratar estudantes com síndrome de Down para trabalhar na conservação dos livros da Casa. Um acordo firmado com a APAE, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, permite que alunos da instituição trabalhem na higienização de documentos da biblioteca. A atividade inclui a limpeza de livros e medidas especiais para combater danos provocados pela temperatura e umidade sobre o acervo.
Os aprendizes foram treinados pela Universidade de Brasília. Eles fazem a limpeza dos livros página por página e ganham um salário mínimo. O programa conta com oito participantes, mais uma professora.
A chefe da Seção de Conservação e Restauração, Gilcy Azevedo, elogia a iniciativa.
"Sem este trabalho, que é um trabalho de base, provavelmente os nossos acervos se deteriorariam com muito mais rapidez. O trabalho deles é extremamente importante e faz parte de todo um contexto de cuidados preventivos com relação aos nossos acervos históricos."
Urbano Aguiar é um dos alunos do programa. Ele conta que no início ficou sem saber qual seria a reação das pessoas em relação a eles. Mas hoje se sente muito à vontade e gosta do que faz.
"O trabalho que eu faço é higienizar livros e documentos, limpo folha por folha, se tiver alguma coisa, algum bicho, a gente chama (alguém) e este livro é passado para outro setor."
Para o deputado Rafael Motta, do PSB do Rio Grande do Norte, o Parlamento tem a obrigação de discutir a inclusão social. Na opinião do parlamentar, os portadores de síndrome de Down são capacitados para gerenciar e realizar tarefas, só não há oportunidades no mercado de trabalho.
"Nossa ideia é que esta Casa, através dos seus setores e da Mesa Diretora, possa corrigir de forma legal a contratação dessas pessoas e poder, quem sabe, incluí-las no cerimonial desta Casa, recebendo as visitas e mostrar de forma implícita que a Casa está participando da discussão em relação à inclusão social."
Rafael Motta informou que foi criado um grupo de trabalho para viabilizar o programa "Câmara Inclusiva", que tem como objetivo garantir a presença profissional de pessoas com síndrome de Down nos diversos setores da Casa legislativa.
No ano passado, o deputado indicou professora com síndrome de Down para receber prêmio Darcy Ribeiro de Educação. A premiação é promovida pela Comissão de Educação da Câmara, que elege todos os anos três pessoas consideradas exemplos no desenvolvimento de ações educativas no país.
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