17/02/2016 21:44 - Saúde
Radioagência
Governo promete capacitar profissionais para atuar na estimulação precoce de crianças com microcefalia
O incentivo à estimulação precoce será uma das bandeiras defendidas pelo governo para auxiliar no tratamento de crianças com microcefalia. Dados divulgados nesta quarta-feira (17) pelo Ministério da Saúde confirmam mais de 500 casos de bebês com a doença ou alterações no sistema nervoso central.
O Secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, em reunião promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família, informou que o ministério irá capacitar mais de sete mil profissionais para atuar na estimulação precoce das crianças de zero a três anos. Segundo ele, o objetivo da medida é reduzir os danos causados pela doença, ressaltando que o resultado do trabalho vai depender do grau de gravidade da má-formação.
Na campanha contra o zika vírus e a microcefalia, conscientizar as mulheres grávidas sobre a importância da realização do pré-natal precocemente também é uma das prioridades do ministério. Segundo o secretário, Alberto Beltrame, 50% das mulheres começam o acompanhamento médico apenas a partir da 12ª semana gestacional, mas com a epidemia é preciso identificar mais rapidamente os casos suspeitos de microcefalia.
"O que o ministério está incentivando e divulgando é que as mulheres procurem o mais precocemente possível o serviço de saúde, para começar o mais rápido possível o pré-natal. É um pré-natal normal, não é de risco, ele é convencional. Mas é extremamente importante, porque isso pode ser determinante no acompanhamento e no sucesso do pré-natal como um todo".
Em relação à discussão sobre o aborto de crianças com microcefalia, o secretário afirmou que a posição do Ministério da Saúde é clara. De acordo com ele, não há nenhuma previsão que isso aconteça no Brasil e destacou que o aborto só é permitido no País em três casos: estupro, risco de morte para mãe ou anencefalia.
Para aprofundar o tema, foi criada uma Comissão Externa da Câmara para acompanhar as ações relativas ao zika vírus e à microcefalia. Para o coordenador do grupo, deputado Osmar Terra, do PMDB do Rio Grande do Sul, o objetivo é auxiliar o governo federal no combate à epidemia.
"Não é uma comissão externa para criticar, mas para ajudar o governo, inclusive com recursos. O que a Câmara pode fazer, o que a gente pode mexer no orçamento para facilitar o combate a essa epidemia, que pode ter uma marca trágica na vida brasileira, talvez a mais grave dos últimos cem anos".
A microcefalia é uma doença em que bebês nascem com o cérebro menor do que o esperado e que compromete o desenvolvimento da criança em 90% dos casos. As causas exatas do surto no Brasil ainda estão sendo investigadas, mas há fortes evidências de que o zika vírus tenha relação com o surto.
Já foram notificados 5.280 casos de microcefalia no País, sendo 60,1% em 2015 e 30,9% em 2016. Desse total, o Ministério da Saúde investiga ainda 3.935 casos.