10/09/2015 19:29 - Economia
Radioagência
Ex-presidentes do BNDES defendem operações de crédito feitas durante suas gestões
Durante quase cinco horas, deputados da CPI do BNDES ouviram dois ex-presidentes do banco de desenvolvimento: Eleazar de Carvalho Filho, o último a ocupar o cargo no governo Fernando Henrique Cardoso, e Carlos Lessa, o primeiro a dirigir o banco no governo Lula.
Os dois defenderam as operações de crédito feitas durante o período em que dirigiram a instituição.
Carlos Lessa disse aos deputados que nunca recebeu pressões políticas para conceder créditos.
Mas ele criticou a política de financiamento de empresas nacionais colocada em prática a partir de 2004, quando deixou a presidência do BNDES.
De lá para cá, o banco ajudou grandes grupos, como a JBS Friboi, a Odebrecht e a OGX do empresário Eike Batista, a competirem em outros países.
Apesar de reconhecer os avanços sociais do governo Lula, Carlos Lessa disse ser contrário à política de transformar empresas nacionais em multinacionais.
Ao responder pergunta do deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, Lessa criticou especialmente os créditos concedidos às empresas de Eike Batista, que receberam 6 bilhões de reais do BNDES.
"O primeiro mandato do presidente Lula produziu, socialmente, reflexos muito importantes. Eu não sei quantos milhões de famílias se sentiram atendidas. Agora, eu confesso pra você que o caso do grupo Eike, pra mim, foi um caso feio. Feio."
Já o antecessor de Carlos Lessa na presidência do banco, Eleazar de Carvalho Filho, defendeu os financiamentos do BNDES durante o processo de privatização de empresas estatais do governo Fernando Henrique Cardoso.
Ele participou, por exemplo, da operação que permitiu ao grupo Vicunha, do empresário Benjamim Steinbruch, a assumir o controle da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN. Foi o primeiro passo para que a CSN adquirisse a Companhia Vale do Rio Doce.
Carvalho disse isso ao ser questionado pelo relator da CPI, deputado José Rocha, do PR da Bahia.
"Eu acho que foi muito importante para o crescimento posterior da Vale. A Vale, com isso, fez um planejamento estratégico. Eu, à época, estava no conselho da Vale, representando o BNDES. A Vale passou por um planejamento estratégico e que permitiu, inclusive, o crescimento que ela veio a ter. E a CSN pôde ter, como maior siderúrgica do país, pôde ter sua própria vida"
Eleazar de Carvalho também explicou por que virou réu em uma ação sobre a compra da estatal paulista Telesp pela empresa francesa EAS.
Ele disse que a ação foi movida pelo Ministério Público por razões ideológicas e que, na época, o BNDES financiou 50 por cento das aquisições feitas por todos os consórcios vencedores do processo de privatização.








