26/05/2015 21:47 - Economia
Radioagência
Presidente do BC diz que estímulos fiscais de 2011 obrigam governo a fazer ajustes atuais
Os estímulos fiscais adotados pelo governo federal, a partir de 2011, não conseguiram manter o crescimento econômico do país. Mas, ao contrário, afetaram as contas públicas, obrigando o governo a fazer agora o ajuste fiscal.
A avaliação foi feita nesta terça-feira pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento.
Apesar de ter destacado que o Brasil conseguiu crescer 20% entre 2008 e 2014, período em que a economia mundial enfrentou a sua pior crise em 80 anos, Tombini reconheceu que a política econômica do governo Dilma Rousseff ficou abaixo dos resultados esperados.
"As mesmas políticas que funcionaram em 2008, os estímulos, não produziram o crescimento nos últimos dois anos, mas acabaram por afetar os fundamentos macroeconômicos, em particular os colchões de proteção que tínhamos na área fiscal."
Entre as políticas adotadas pelo governo estavam o uso dos bancos públicos para concessão de empréstimos à iniciativa privada, a redução da taxa básica de juros da economia e a desoneração da folha de pagamento das empresas, este último fator responsável pela redução da arrecadação federal.
Segundo Tombini, o ano de 2015 deve ser visto como de transição entre o modelo anterior, de estímulos fiscais para a economia, e um novo, baseado no ajuste das contas públicas para a recuperação da credibilidade do País.
"O que está se fazendo agora é restabelecer esses fluxos fiscais, ajustar algumas perdas de receitas por decorrência de ajustes de política fiscal do passado. E preparar o Brasil, ali na frente, para um novo ciclo de crescimento, de desenvolvimento econômico sustentável."
Durante a audiência pública, o presidente do BC afirmou que em dezembro de 2016 a inflação brasileira vai convergir para a meta oficial, que é de 4,5% ao ano. Atualmente, a inflação acumulada em 12 meses está acima dos 8%.
A avaliação de Tombini foi questionada pelo presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, deputado Júlio Cesar, do PSD do Piauí. Para o deputado, que é da base aliada ao governo, o presidente do BC está sendo otimista. Ele citou uma série de dados que mostrariam a situação difícil da economia brasileira, como a redução dos investimentos, e o aumento do desemprego e da inflação.
"Não vejo com otimismo o Brasil sair dessa situação a curto prazo. E torço para que eu esteja errado. Com dados negativos, com tantas coisas acontecendo negativamente no Brasil, não vejo como sair deste buraco."
Já o deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB do Paraná, criticou a forma do ajuste fiscal proposto pelo governo. Segundo ele, o País só conseguirá voltar a crescer de forma consistente quando fizer reformas estruturais para reduzir o endividamento público, a dependência de recursos externos, entre outras fragilidades apontadas por ele.