15/05/2015 15:04 - Meio Ambiente
Radioagência
FAO propõe criação de conselho de segurança hídrica para gestão mais eficiente da água

Na opinião de Borghetti, os gestores brasileiros têm dificuldades em tomar decisões de médio e longo prazo e, por isso, rios como Tietê e Pinheiros, na cidade de São Paulo, são extremamente poluídos, pois não há um programa específico que trate da manutenção dos mananciais brasileiros.
Integrante da Comissão de Desenvolvimento Urbano, o deputado João Paulo Papa (PSDB-SP) concorda com o biólogo e acrescenta que há uma confusão, na região metropolitana de São Paulo, sobre que órgão público deve cuidar dos mananciais que cercam a cidade.
"O crescimento da mancha urbana da região metropolitana de São Paulo não depende do governo de São Paulo e muito menos da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Esse é, na verdade, um tema mais próximo às prefeituras. A falta de controle da ocupação urbana às margens dos principais mananciais de São Paulo não estão, infelizmente, sob controle de um órgão apenas, o que leva a um descontrole e ao comprometimento da qualidade da água do presente e do futuro."
José Roberto Borghetti apresentou ainda uma série de sugestões para que o País passe a ter eficiência hídrica. Uma delas é a criação de um conselho de segurança hídrica para, dentre outras ações, identificar e projetar os cenários atuais e futuros para gestão mais eficiente dos recursos hídricos. Outra sugestão dada pelo especialista é dar incentivos financeiros para que os setores de agricultura e indústria conservem a água.
"A partir do momento que você gerar um sistema de não punição ao agricultor e incentivá-lo a conservar em troca de remuneração, nós teremos um desperdício menor, uma conservação maior e uma eficiência muito mais adequada. A mesma questão na indústria. Eu não defendo, de forma nenhuma, punir quem está produzindo alimento para a nossa mesa. Pelo contrário, quero a existência de uma política sob o ponto de vista do incentivo à conservação. Mesmo a indústria, que é quem mais ganha dinheiro, deve ser incentivada e por isso devemos remodelar o modelo deles para que reusem mais a água e poluam menos."
José Roberto Borghetti também criticou a forma como a mídia brasileira tem abordado a crise hídrica, que pede às pessoas que literalmente fechem a torneira e poupem água em suas casas, sendo que, na verdade, o consumo doméstico representa 20% do uso de água no Brasil. O resto, segundo o biólogo, é dividido em 62% para agricultura e 18% para a indústria.