23/04/2015 17:35 - Meio Ambiente
Radioagência
Especialista defende ações de combate à seca que vão além das obras de transposição do São Francisco
A comissão externa criada para acompanhar a transposição do rio São Francisco se reuniu para discutir a segurança hídrica da obra.
O colegiado ouviu o professor adjunto do departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará Francisco de Assis de Souza Filho. Para ele, a estocagem da água e a transferência devida são importantes. Entretanto, o professor salienta que também são necessárias medidas de prevenção à seca.
"Mesmo com a transposição do São Francisco, haverá episódios de seca em várias regiões do Nordeste, e nós precisamos estar preparados para isso através da utilização de planos de gestão de secas. Mesmo com a infraestrutura, e a infraestrutura é essencial e fundamental para que nós tenhamos segurança, nós precisamos de uma atividade a mais que é exatamente gerenciar secas e episódios de eventos extremos."
O professor afirmou ainda que são necessárias ações além da obra no rio São Francisco. De acordo com ele, é preciso que o Brasil tenha uma política nacional de secas que seja aplicada em todo o País e não apenas no Nordeste.
"O Brasil vai precisar gerenciar melhor essa questão do risco climático. Então, a gente ter planos, por exemplo, de gestão de secas para as cidades acima de 100 mil habitantes, no primeiro momento, e depois acima de 50 mil habitantes, no segundo momento, é essencial. Porque secas vão acontecer no Sul do País, no Sudeste do País e no Nordeste do Brasil. Uma transposição como a que acontece no São Francisco, ela acontece em outros estados brasileiros e ela é extremamente importante para reduzir os riscos, mas ainda há riscos que vão precisar ser gerenciados, e a gente precisa planejar essa intervenção."
Francisco Filho comentou também qual será a consequência caso a transposição, que já se estende há mais de dez anos, não seja concluída em breve. Segundo o professor, se o ano que vem for seco, algumas áreas metropolitanas importantes do Nordeste estarão extremamente vulnerabilizadas.
O autor do pedido de criação do colegiado, deputado Raimundo Gomes de Matos, do PSDB do Ceará, afirmou que a vinda do professor reforçou a necessidade de que seja discutido qual será o destino do esgoto das cidades que não possuem saneamento básico e que serão atendidas pelo rio após a transposição.
"Por onde esse canal vai passar, as cidades não têm nenhum projeto de seu saneamento. Finda colocando dejetos, os seus esgotos, no canal, no rio e isso vai poluir a água. Então é preciso o governo integrar o Ministério da Saúde, o Ministério das Cidades, Funasa, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Integração Nacional para que haja a concretude e essa intersetorialidade desses investimentos que são importantes para o Nordeste brasileiro."
O parlamentar disse ainda que a comissão vai até a nascente do rio São Francisco, em Pirapora, no estado de Minas Gerais, para verificar se a informação divulgada pela imprensa de que o volume de água na nascente está diminuindo é verídica. Para o deputado, além do transporte da água, é importante que haja a revitalização das margens do rio.