15/04/2015 15:24 - Relações Exteriores
Radioagência
Ministro das Relações Exteriores: ao fuzilar brasileiro, Indonésia descumpriu acordo que proíbe pena de morte

Em audiência pública conjunta da Comissão de Relações Exteriores e da Comissão de Segurança Pública nesta quarta-feira (15), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu a atitude brasileira frente à Indonésia depois que o país asiático fuzilou um brasileiro condenado por tráfico de drogas. Em fevereiro, o Palácio do Planalto recusou as credenciais do embaixador indonésio. O ministro mencionou uma série de compromissos internacionais assinados pelo Brasil com proibições à pena de morte.
"Por esses compromissos internacionais o Brasil não poderia deixar de se rebelar contra a aplicação da pena de morte contra um brasileiro, dentro, obviamente, do respeito às relações bilaterais. Nós nunca contestamos os ilícitos cometidos e nunca contestamos o direito dos estados julgarem de acordo com sua legislação. A única coisa é que defendemos os compromissos internacionais, alguns dos quais a Indonésia é parte."
O deputado Delegado Waldir, do PSDB de Goiás, que foi um dos autores do requerimento para a realização da audiência, criticou a atitude do governo e ressaltou que o Brasil pode ter perdas econômicas.
"Vocês interferiram na soberania, recusaram as credenciais, e tudo isso gerou um grande conflito internacional, novamente fomos chamados de anões diplomáticos. Recebi vários ofícios, documentos de funcionários da Embraer, que estão com medo de perder seu emprego porque nós tínhamos um contrato para a compra de aviões e nós poderíamos perder esse contrato."
O ministro Mauro Vieira disse que o Brasil continuará a dar apoio à família e tentará reverter a situação do brasileiro Rodrigo Gularte, que também está no corredor da morte e foi diagnosticado com uma doença mental.
O deputado Delegado Waldir ainda fez críticas às relações brasileiras de apoio à Bolívia e ao Paraguai e afirmou que o Brasil fecha os olhos ao tráfico de drogas que entra por esses países.
O deputado paulista Vanderlei Macris, também do PSDB, questionou o ministro sobre a postura do País frente à Venezuela. O deputado avalia que o Brasil tem uma postura passiva diante da repressão violenta que o governo do presidente Nicolas Maduro tem feito com seus opositores. Em resposta, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu os trabalho de conciliação que a Unasul, a União das Nações Sul-Americanas, tem feito na Venezuela. O deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, criticou os questionamentos dos deputados do PSDB. Para o deputado petista, são opiniões contraditórias.
"Ao mesmo tempo em que critica o governo por ter condenado a pena de morte para um brasileiro na Indonésia, clama por intervenções em países da América Latina como a Venezuela, a Bolívia, o Paraguai. Então é uma coisa um pouco esquizofrênica, por um lado não pode mexer, por outro tem que intervir. É uma situação que a gente estranha muito e esperaria que o PSDB debatesse mais esse tema das relações exteriores."
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também respondeu perguntas sobre acordos comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Ele relatou que o Mercosul já concluiu sua oferta e está aguardando que a União Europeia conclua consultas internas para que a negociação avance.