26/03/2015 15:02 - Saúde
Radioagência
Parlamentares e especialistas defendem lei para regulamentar merenda saudável
No Brasil, metade dos adultos e um terço das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso. Esse fato foi lembrado na audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família que, nesta quinta-feira (26), discutiu a alimentação saudável nas escolas.
Na opinião do deputado Jorge Solla, do PT da Bahia, debater alimentação saudável é motivo de celebração, considerando que a fome castigou muitas crianças brasileiras por várias décadas.
"Deixamos de ter a desnutrição infantil como problema de saúde pública e passamos rapidamente a substituí-la por outro problema que é a obesidade infantil. Nossa ideia foi que essa audiência pública pudesse trazer as políticas que os órgãos relacionados já vêm executando e viemos assim motivar a Casa, motivar a Câmara a buscar adensar essas propostas e buscar tramitar mais rapidamente um projeto que possa dar essa contribuição."
Alguns estados e municípios já aprovaram leis regulamentando a oferta de alimentos em escolas públicas e particulares. Na Câmara, estão tramitando ao menos 16 projetos de lei sobre o tema. A doutora em nutrição e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Daniela Frozi defende a aprovação de leis para garantir o acesso ao que ela chama de comida de verdade, especialmente nas escolas particulares.
"Infelizmente o setor privado ainda precisa e requer leis que possam regular a comida de verdade para que a gente possa ter esse lugar do que é saudável, do que é verdadeiramente comida dentro das escolas. A gente precisa de muitas regulações, a gente precisa dessa Casa. Esse olhar do cuidado, ele precisa estar nessa Casa, morando no coração de cada deputados, pois nós temos a alimentação como um bem."
A última geração de brasileiros trocou alimentos tradicionais como o arroz com feijão pelas atraentes comidas industrializadas. O resultado é o aumento do sobrepeso e da obesidade entre os brasileiros. Representantes dos ministérios da Educação e Saúde mostraram programas nas escolas públicas que atuam em várias frentes como a seleção do cardápio e incentivo à atividade física. O coordenador-geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Eduardo Fernandes, informou também que acordos com cerca de 18 mil escolas particulares já foram feitos com o objetivo de oferecer alimentos de qualidade aos alunos. Mas Eduardo Fernandes defende que o cardápio das cantinas das escolas seja restrito.
"Sabemos que grande parte das crianças come nas cantinas e tem muito acesso a alimentos inadequados, então tem que haver alguma maneira de bloquear isso. Os alimentos disponíveis normalmente são aqueles de baixo valor nutricional e alto valor energético, muito mais frequentemente doces, salgados, refrigerantes, salgadinhos."
Outro assunto destacado pelo convidados foi a necessidade de regulamentar a publicidade de alimentos para crianças. Esse assunto também é objetivo de projetos de lei em tramitação na Câmara.