24/03/2015 22:29 - Meio Ambiente
Radioagência
Dados do Greenpeace revelam gravidade do desmatamento na Amazônia
A criação de um sistema único e informatizado que integre a União e os estados com o intuito de fiscalizar o desmatamento e a exploração ilegal de madeira na Amazônia Legal foi destaque em audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara.
Márcio Astrini, coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil, organização mundial que atua na proteção do meio ambiente, apresentou os relatórios elaborados pelo grupo sobre a extração ilegal de madeira na região, que, segundo ele, demonstram a gravidade do problema.
"A extração ilegal de madeira na Amazônia, além de gerar um impacto social muito grande para a floresta, imenso, ele tem impacto também econômico para as pessoas que vivem naquela região. Como atividade ilegal também gera um impacto muito grande no orçamento, por exemplo, daqueles estados que deveriam estar fazendo a exploração dessa madeira, desse recurso, de forma mais organizada, de forma legal, sem agredir a floresta, e não o fazem. As soluções são possíveis, existe tecnologia, existe conhecimento suficiente, a gente precisa agora é ter uma forte agenda política para colocar essas soluções em prática."

De acordo com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), a devastação da Amazônia foi de 42 quilômetros quadrados em fevereiro deste ano. Houve um aumento de 282% se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram devastados 11 quilômetros quadrados. De agosto de 2014 a fevereiro de 2015 , chegou a 1.702 quilômetros quadrados, o equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo.
Durante o debate, o presidente da Associação de Exportadores da Amazônia (Aimex), Roberto Pupo, se queixou da ausência da fiscalização em campo. Ele frisou também a importância do controle do desmatamento para aqueles que fazem a extração da madeira de forma legal.
"A fiscalização não pode ficar sentada dentro de um prédio, ela tem que ir pro mato fazer a fiscalização. A fiscalização é extremamente necessária para quem é legal, porque senão eu tenho a concorrência do ilegal. O ilegal não paga imposto, o ilegal não existe, o ilegal faz o que ele quer, enquanto eu tenho um custo caro, eu tenho funcionários, todos registrados. Então a fiscalização me legitima socialmente."
Jair Schmitt, coordenador-geral de Fiscalização do Ibama, afirmou que o Ibama está implementando, a partir deste mês, um Sistema Nacional de Gestão Florestal, o Sinaflor.
"É um sistema que vai congregar todas as informações de autorização de planos de manejos florestais e também de desmatamento autorizado, que é o uso alternativo de solo, num único sistema com transparência e também que permita o efetivo controle da exploração legal da madeira na Amazônia, inclusive para todos os países a que se estende. Essa é uma medida extremamente importante por quê? Porque a principal forma de você explorar a madeira ilegalmente está associada à origem dessas autorizações, seja do plano de manejo ou do uso do alternativo do solo."
Para o deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, que solicitou o debate, a discussão foi extremamente rica, principalmente pela atualidade dos dados apresentados pelos convidados.
"A presença de todos os nossos convidados trouxe dados extremamente atualizados e preocupantes em relação ao desmatamento da Amazônia. Nós estamos falando de um ativo da maior biodiversidade do planeta. Acho que a gente pode, a partir desta audiência, propor soluções no sentido de conter mais esse desmatamento que a cada ano é recorrente na Amazônia."
O deputado Jordy propôs ao presidente da comissão, deputado Átila Lira, do PSB do Piauí, que seja criada uma subcomissão ou um grupo de trabalho que cuide exclusivamente do tema.
Ao fim da reunião, o coordenador do Greenpeace Brasil, Márcio Astrini, sugeriu algumas medidas que poderiam ajudar a solucionar o problema da exploração ilegal de madeira na floresta. De acordo com ele, é necessário que sejam revistos todos os planos de manejo e as autorizações de operação das serrarias e que os estados tenham um calendário de prestação de contas. Outra questão é que todo o processo de extração, desde a aquisição da madeira até o processo final, sejam públicos e de acesso irrestrito.
O plano de manejo é um documento técnico que estabelece o zoneamento de uma unidade de conservação e as normas que devem presidir o uso da área e o manuseio dos recursos naturais.