19/03/2015 19:30 - Esportes
Radioagência
Governo edita MP que refinancia dívidas dos clubes de futebol após acordo com deputados
Mediante acordo prévio com deputados, governo edita medida provisória para renegociação de dívidas dos clubes e modernização do futebol. O texto permite o pagamento das dívidas dos clubes em 120 ou 240 meses. Mas, para aderir ao programa de refinanciamento, eles terão de publicar demonstrações contábeis padronizadas e auditadas; pagar em dia as obrigações tributárias, previdenciárias e trabalhistas, inclusive o chamado "direito de imagem"; gastar, no máximo, 70% da receita bruta com o futebol profissional; manter investimento mínimo permanente nas categorias de base e no futebol feminino; respeitar todas as regras de transparência da Lei Pelé (Lei 9.615/98); não antecipar receitas previstas para mandatos futuros, a não ser em situações específicas, e adotar um cronograma progressivo de redução dos deficits, que deve ser zerado até o ano 2021.
O clube que descumprir essas regras perderá as condições de refinanciamento das dívidas e ainda poderá ser rebaixado de divisão. Ao anunciar a medida provisória nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff ressaltou que essa responsabilidade fiscal será fundamental para que o futebol se torne "financeiramente saudável".
"O nosso futebol necessita com urgência de um programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal. Por isso, acredito, sinceramente, que o futuro do nosso futebol depende da aprovação desta legislação que temos a honra de submeter ao exame do Congresso Nacional."
Uma renegociação mais simples das dívidas dos clubes de futebol chegou a ser aprovada pelo Congresso, no fim do ano passado, em uma outra medida provisória (656/14), mas essa parte do texto acabou vetada por Dilma. A nova MP foi previamente discutida com deputados da comissão especial da Câmara que aprovou o Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos, o Proforte (PLs 5201/13 e 6753/13), que, agora, está pronto para votação no Plenário.
Segundo o deputado Vicente Cândido, do PT paulista, a nova MP reproduz parte das mudanças que os deputados sugeriram ao projeto do Proforte e terá acréscimos, sobretudo em relação a novas fontes de recursos, alteração na concepção do desporto educacional e restrição do papel do empresário na comercialização de jogadores.
"No linguajar do futebol: [a MP] foi apenas um chute inicial. A bola, agora, volta para o Congresso Nacional, que já tem bastante acúmulo [de discussão]. Cabe agora ao Congresso procurar enriquecer essa medida. Nós temos, aqui, o projeto do Proforte, que tem uma emenda global e será, praticamente, o texto desta medida provisória já combinado com o governo. Tão logo a gente vote na Câmara e no Senado e vá para a sanção da presidente, nós queremos montar um grupo permanente de monitoramento, análise e confecção de mais política para o esporte brasileiro."
Relator do Proforte e autor da emenda global, também chamada de proposta de "responsabilidade fiscal doesporte", o deputado Otávio Leite, do PSDB fluminense, ressaltou o caráter suprapartidário dessa busca de solução para os problemas do futebol.
"Na verdade, esse é um jogo que está para lá de depois da prorrogação. Nós estamos lutando, não é de hoje, para que se ofereça ao Brasil uma lei estruturante para o futebol brasileiro, que permita aos clubes sair do atoleiro financeiro em que se encontram e que, ao mesmo tempo, imponha aos clubes muitas obrigações de responsabilidade fiscal, enfim, de gastar de acordo com o tamanho da perna para não acumular dívidas absurdas como sempre acumulam."
Há várias versões para o tamanho da dívida dos clubes de futebol. O número mais divulgado gira em torno de R$ 4 bilhões.