04/06/2014 20:10 - Economia
Radioagência
Suplementos alimentares: Comissão debate uso indiscriminado e regulamentação
A necessidade de regulamentação e fiscalização dos suplementos alimentares foi fortemente frisada pelos convidados à audiência da Comissão do Esporte nesta terça-feira para discutir o uso indiscriminado desses produtos. Atualmente, uma média de 10 milhões de brasileiros consomem suplementos alimentares. O mercado é extremamente atrativo e movimenta 1 trilhão de dólares no mundo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, proibiu, recentemente, a venda de uma série de suplementos alimentares irregulares. A composição completa não era informada nos rótulos e os teores dos ingredientes não estavam dentro dos parâmetros específicos. Esse tipo de produto poderia conter substâncias que causam danos, principalmente, ao fígado.
O médico Paulo Muzy defende que, com uma alimentação adequada, a suplementação não é necessária, sendo indicada apenas em casos bem específicos quando, por exemplo, a pessoa não consegue ingerir todos os nutrientes necessários para sua saúde. Entretanto, Paulo afirma que antes de partir para essa alternativa é preciso conhecer os suplementos com a orientação de especialistas.
"Essa área de suplementação é muito extensa e o que a gente sente, como profissional que trabalha na área, é que faltam pessoas e técnicos em quantidade para avaliar essas situações à medida que elas surgem. Com uma legislação um pouco mais morosa que trate dessa situação, nós perdemos em saúde, porque aquilo que é negado, às vezes falta para a população, e também perdemos em excesso porque não controlamos 100% do que entra no nosso país. E não controlando, os excessos acontecem. E aí, ao invés de lidarmos com saúde, nós lidamos com doença."
Atualmente, os suplementos permitidos no Brasil são vendidos livremente e não necessitam de prescrição. Alguns dos produtos são comercializados de maneira ilegal, já que nem todas as substâncias encontradas nos suplementos alimentares são permitidas no país.
Renata Ferreira, representante da Anvisa, alerta que pessoas que trazem suplementos alimentares produzidos fora do país devem ter atenção redobrada, pois eles podem conter ingredientes que não são seguros. Renata orienta verificar se o produto importado é compatível com a regulamentação nacional.
"A Anvisa não tem como assegurar que os produtos que estão disponíveis no exterior são seguros à saúde. E, mais uma vez, eu retorno ao caso de 2013 em que produtos disponíveis no exterior estavam causando hepatite e transplantes de fígado. Então, a Anvisa não tem como assegurar de que esses produtos que estão sendo importados por pessoas físicas não vão prejudicar essas pessoas. Quando o produto é avaliado pela Anvisa, quando sai um regulamento técnico, são avaliadas as questões de segurança e, por se tratar de um alimento, não se admite que hajam reações adversas."
O deputado integrante da Comissão do Esporte Danrlei de Deus Hinterholz, do PSD do Rrio Grande do Sul, diz que é preciso desmistificar a ideia de que suplemento é remédio. Ele afirmou que um Grupo de Trabalho vai ser criado para que a Anvisa, os órgãos reguladores e os profissionais de saúde opinem e, assim, a Câmara tenha subsídios para legislar sobre o tema.