09/04/2014 19:06 - Política
Radioagência
Relator diz que parecer preliminar será pela admissibilidade do processo contra Vargas
O processo disciplinar instaurado nesta quarta-feira no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar contra o deputado licenciado André Vargas, do PT do Paraná, terá prosseguimento. Logo após sua indicação para a relatoria, o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais, adiantou que seu parecer preliminar, a ser apresentado no próximo dia 22, será pela admissibilidade da representação proposta pelo PSDB, Democratas e PPS.
Os partidos pedem a investigação do suposto envolvimento do primeiro vice-presidente da Casa com o doleiro Alberto Youssef, preso durante operação da Polícia Federal contra a lavagem de dinheiro.
Júlio Delgado, que também foi relator do processo que culminou na cassação do então deputado José Dirceu, disse que pretende entregar o parecer final antes do recesso de julho, para que haja tempo hábil para votação em Plenário.
"Sabemos que existem manobras de iniciar a sessão, leitura de relatório. Eu tenho vivência nesse caso e posso dizer que isso pode acontecer. O nosso interesse é entregar este relatório até o final de maio, início de junho para que não seja atropelado pelo recesso e também pela Copa do Mundo. Eu acho que 3 meses é um prazo bastante suficiente até porque, neste caso em questão, a gente tem muita prova pública e notória e nós vamos trabalhar neste prazo o mais rapidamente possível, garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas."
Durante a reunião do Conselho de Ética, o deputado Zé Geraldo, do PT do Pará, apresentou questão de ordem para impedir a instauração do processo. Ele sustentou que o caso deveria ser apareciado, primeiro, pela Corregedoria da Câmara e não diretamente pelo Conselho. Zé Geraldo teve o pedido indeferido e recorreu à presidência da Câmara.
"Mesmo levando em consideração que o processo virá para cá (Conselho) e o André Vargas virá para cá. Mas eu acho que tem um tempo para fazer isso. Não se pode querer atropelar o Regimento, não se pode querer metralhar um deputado da forma que a oposição quer fazer."
A expectativa na Câmara nesta quarta girou em torno de uma eventual renúncia do deputado André Vargas. Como não foi o caso, o processo foi aberto e Vargas está sujeito a sanções, conforme explica o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar, do PSD de São Paulo.
"Como ele não renunciou, o processo não pára mais. As penalidades podem variar de acordo com o relatório. Ele pode colocar desde advertência verbal, advertência escrita, suspensão das prerrogativas parlamentares, suspensão de mandato ou a perda definitiva do mandato."
O presidente Ricardo Izar ressaltou que o processo disciplinar deve ser encerrado em 90 dias úteis, a contar desta quinta-feira (10). Se aprovado pelos integrantes do Conselho de Ética, o relatório do deputado Júlio Delgado seguirá para votação, com voto aberto, no Plenário da Casa. Izar avalia que, com a votação aberta, a tendência dos deputados em Plenário será acompanhar o relator.
A assessoria do deputado André Vargas informou que ele ainda não constituiu advogado para fazer a defesa no processo. Na semana passada, em pronunciamento no Plenário, ele afirmou que suas relações com o doleiro Alberto Youssef são de amizade, mas que desconhecia qualquer atividade ilegal. Ao apresentar seu pedido de licença, Vargas sustentou, em nota, que pretende, com o afastamento, preservar a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do que classificou de "massacre midiático".