19/09/2013 20:49 - Segurança
Radioagência
Especialistas afirmam que grandes eventos expõem Brasil a atentados terroristas
Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas de 2016 deixam o Brasil sob o risco efetivo de atentados terroristas e o país ainda não está devidamente preparado para enfrentá-los. Esta é a conclusão da maioria dos palestrantes que participaram, nesta quinta-feira, dos debates técnicos do seminário "Terrorismo e grandes eventos", promovido pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Segundo eles, o terrorismo constitui uma ameaça difusa que exige ação coordenada de vários órgãos de segurança, além de intercâmbio permanente de dados internacionais. Especializado em contraterrorismo, o policial legislativo federal Marcus Reis sintetizou essa preocupação.
"O terror atua de forma descentralizada, até por causa da globalização. Essas organizações estão buscando o que a gente chama de invisibilidade diante das políticas, já estão em redes e são totalmente descentralizadas. O Estado tem que aprender a combatê-las assim. Quarenta e dois anos depois de Munique, o Brasil não pode alegar inocência e dizer que não sabia. A gente sabe e conhece: são ameaças."
Reis se refere ao atentado terrorista da Olimpíada de Munique, em 1972, feito pelo grupo Setembro Negro. De lá para cá, a situação só piorou. Para a Agência Brasileira de Inteligência, a morte de Osama bin Laden, da Al Qaeda; o aumento do xenofobismo na Europa; os conflitos na Síria, e o acesso fácil às técnicas de explosivos via internet elevam os riscos de vingança e de ações de grande impacto por parte de grupos terroristas.
Representante de um centro norte-americano de assuntos internacionais, o brasileiro Hussein Ali Kalout reconhece que os agentes da inteligência e das Forças Armadas Brasileiras são competentes, mas o baixo investimento é preocupante.
"O material humano é do mais alto calibre. O problema é que para se ter uma política de contraterrorismo é preciso investimento, treinamentos e equipamentos modernos. Será que vamos ter capacidade de investir pesadamente nisso? Os Estados Unidos partiram para um orçamento megabilionário e, com isso, consegue-se fazer trabalho em campo, infiltrar pessoas, mandar pessoas para o exterior para mapear os grupos e saber por que e como agem."
Representantes da Abin, Forças Armadas e Polícia Federal apresentaram várias ações concretas que já estão em curso na prevenção do terrorismo. Algumas delas foram testadas, recentemente, na Conferência Rio+20, na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude. Segundo eles, a vulnerabilidade nos controles de fronteira, a facilidade na venda de explosivos e de fertilizantes e a falta percepção de risco do brasileiro em geral quanto ao terrorismo são alguns dos problemas a serem superados.