14/09/2012 18:26 - Direito e Justiça
Radioagência
Projeto elimina dolo eventual com intenção de punir crimes de trânsito com mais rigor
Projeto apresentado pelo deputado Gonzaga Patriota, do PSB de Pernambuco, dá novas definições para crime doloso e culposo e aumenta a pena dos crimes culposos (PL 3832/12). O objetivo é punir com mais rigor os delitos de trânsito, mas a mudança afeta todos os crimes.
De acordo com a definição atual, o crime doloso ocorre quando a pessoa quer o resultado ou assume o risco de produzir aquele resultado. Por exemplo, um bandido atira em um policial com a intenção de matá-lo. O projeto simplifica a definição e o crime passa a ser considerado doloso quando o agente quer o resultado. A proposta de Patriota elimina o chamado dolo eventual, quando o acusado, mesmo sem intenção, assume o risco de produzir determinado resultado.
Já o crime culposo, no Código Penal atual, é definido como aquele gerado por imprudência, negligência ou imperícia. Por exemplo, um motorista atropela um pedestre por falta de atenção no trânsito. Na proposta de Gonzaga Patriota, o crime passa a ser considerado culposo quando o agente, por imprudência consciente, assume o risco e causa o resultado. O projeto retira do Código Penal as figuras da negligência e imperícia no crime culposo. O deputado considera que as duas são variações da imprudência.
Gonzaga Patriota afirma que o objetivo é "endurecer" no que diz respeito aos crimes culposos, quando não há a intenção de ferir ou matar, por exemplo.
"Obviamente que o crime culposo vai ser mantido. Eu saio no meu carro, o carro todo licenciado, sem nenhum problema, e alguém atravessa na frente e essa pessoa falece: eu não tive o dolo de praticar um crime. Então eu vou responder como um crime culposo simples. Agora, se eu bebo cachaça, pego o carro, brigo com a mulher, saio de casa em alta velocidade, e chego num ponto de ônibus e atropelo uma pessoa, dez pessoas, como isso tem acontecido na Ponte Presidente Dutra: aí não, aí vai ser um crime culposo, mas que eu tive a irresponsabilidade de praticar esse crime."
Se o projeto de Gonzaga Patriota for aprovado, o acidente de trânsito vai passar a ser considerado um crime culposo, com pena mais próxima da do doloso. Atualmente, os crimes culposos têm pena muito inferior às dos dolosos.
O vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, Roberto Garcia, critica a proposta.
"A modificação nas penas previstas para os crimes culposos aproxima a conduta culposa da dolosa, o que é inadequado do ponto de vista da teoria do Direito. Um outro ponto: a modificação proposta exclui a negligência e a imperícia - mantém apenas a imprudência, o que, na verdade, modifica uma postura doutrinária e legislativa que há muito vem sendo adotada, e sem nenhum tipo de problema, sem nenhum tipo de contestação."
O projeto que dá nova definição para crimes culposos e dolosos tem que ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo Plenário.