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Plenário reduz imposto sobre remessas de até R$ 20 mil para brasileiros no exterior

15/02/2023 - 20h00

  • Plenário reduz imposto sobre remessas de até R$ 20 mil para brasileiros no exterior

  • Plenário reduz imposto sobre remessas de até R$ 20 mil para brasileiros no exterior
  • Projeto da bancada do Psol acaba com mandatos da diretoria do Banco Central
  • Deputados de oposição defendem manutenção da autonomia do Bacen

A Câmara está discutindo o aumento das taxas de juros e a autonomia do Banco Central. A repórter Silvia Mugnatto acompanhou debate sobre o tema.

Na esteira das discussões sobre o nível da taxa de juros básica calibrado pelo Banco Central, a bancada do Psol apresentou um projeto de lei complementar (PLP 19/23) para desfazer a autonomia do órgão estabelecida pela Lei Complementar 179, de 2021. Na prática, o projeto acaba com os mandatos de quatro anos da diretoria.

Hoje, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado pelo governo anterior, tem mandato até o final de 2024. A ideia é a de que o órgão tem que ser independente para poder perseguir a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional sem influências políticas.

Isso porque um dos principais instrumentos para baixar a inflação é o aumento da taxa de juros. Desde setembro do ano passado, a taxa é de 13,75% ao ano, uma das maiores do mundo. Juros altos acabam reduzindo o crescimento econômico porque travam o crédito para as empresas. No projeto do Psol, a missão do BC seria a meta de inflação, mas também o pleno emprego.

A discussão sobre a autonomia voltou depois que o presidente Lula começou a criticar a manutenção da taxa básica em 13,75% ao ano. Logo, economistas como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, afirmaram que a taxa é alta mesmo; mas que só pode baixar quando existirem sinais mais claros de que as contas públicas ficarão equilibradas.

Outros economistas, como André Lara Resende, ex-presidente do BNDES, passaram a argumentar, porém, que o endividamento do país não está alto e que a inflação atual decorre de questões ligadas à oferta de produtos por causa da pandemia e da guerra na Ucrânia. Ou seja, não seria um movimento de crescimento da demanda.

Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), que falou sobre o assunto no programa Painel Eletrônico, da Rádio Câmara, a política econômica tem que olhar a questão social também.

Chico Alencar: Na verdade, um ente público como o BC tem que estar a serviço do interesse público. E não como é hoje; basta olhar a composição da sua diretoria, o histórico de trabalhos dos seus diretores, a começar pelo atual presidente, no mercado financeiro e na política partidária. É bom lembrar que o Roberto Campos Neto foi um atuante membro da campanha de Jair Bolsonaro.

Também entrevistado pelo Painel Eletrônico, o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que relatou a lei atual de autonomia do Banco Central, acredita que a regra traz mais segurança aos agentes econômicos.

Silvio Costa Filho: Sobretudo para que a gente possa fazer um debate independente do governo de plantão. Se é um governo de centro, de esquerda, de direita... Na hora que a gente tem um banco independente, automaticamente a gente vai ter segurança institucional para a gente poder equilibrar, controlar as nossas contas públicas, as nossas metas de inflação. E ter previsibilidade, que isso é fundamental para a economia.

Silvio Costa Filho reconhece o efeito fiscal negativo da taxa de juros, afirmando quer cada ponto percentual da taxa aumenta a despesa do governo com juros em R$ 50 bilhões; quase o mesmo valor necessário para pagar o extra de R$ 200 do bolsa-família. Mas ele explica que o movimento de queda tem que observar aspectos técnicos.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou requerimento (REQ 118/23) para que o presidente do Banco Central venha à Câmara explicar a política monetária, além de um erro de cálculo do fluxo cambial de R$ 14,5 bilhões divulgado em janeiro pela autarquia.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Sílvia Mugnatto

Deputados de diferentes partidos se revezaram na tribuna da Câmara para defender a autonomia do Banco Central e a gestão de Roberto Campos Neto à frente da autarquia.

Evair Vieira de Melo (PP-ES) reforça seu apoio incondicional a Roberto Campos Neto e toda a sua equipe. Segundo o deputado, não é à toa que o economista já foi eleito o melhor presidente de Banco Central do mundo por uma revista britânica, especializada em finanças.

Evair Vieira de Melo pede que o presidente Lula pare de atacar a autonomia do Banco Central, já que a prerrogativa foi concedida pelo Congresso Nacional. O congressista observa que, se quiser mudar o cenário atual, Lula deve enviar um novo projeto de lei para análise do Parlamento.

Delegado Ramagem (PL-RJ) exalta a autonomia do Banco Central, que, segundo ele, é exemplo para o mundo. O deputado afirma que, graças às políticas adotadas por Roberto Campos Neto, o Brasil conseguiu controlar a inflação e hoje possui estabilidade econômica.

Delegado Ramagem também questiona o que o presidente Lula tem a esconder, decretando o sigilo das imagens de vandalismo dentro do Palácio do Planalto em 8 de janeiro. O parlamentar salienta que é de interesse público distinguir quem, de fato, destruiu o patrimônio público e quem estava se manifestando pacificamente.

Adriana Ventura (Novo-SP) também condena as críticas do presidente Lula ao Banco Central. A parlamentar argumenta que o Congresso Nacional aprovou a autonomia justamente para blindar o Bacen de interferências políticas e evitar o descontrole inflacionário no País.

Adriana Ventura atribui os juros altos à irresponsabilidade do atual governo, que, mesmo antes de assumir, conseguiu aprovar uma proposta que permitiu o aumento do teto de gastos no Orçamento de 2023 em 150 bilhões de reais. Ela reitera que os juros estão altos para que a inflação não decole e o Brasil não se transforme numa Argentina.

Ricardo Salles (PL-SP) avalia que para reduzir a taxa básica de juros, é preciso, primeiro, respeitar a autonomia do Banco Central. Na visão do parlamentar, o governo Lula ataca a prerrogativa da autarquia como desculpa para um eventual fracasso econômico.

No entendimento de Ricardo Salles, outra condição essencial para a redução da taxa de juros é o exemplo dos países ricos, onde há respeito à propriedade privada, um Estado reduzido e uma máquina pública eficiente. Para ele, a demagogia defendida por alguns não vai gerar resultados positivos.

José Medeiros (PL-MT) afirma que as críticas feitas pelo presidente Lula à política de juros do Banco Central representam um ataque às instituições. Nas palavras do deputado, questionar a autonomia do Bacen configura um ato de terrorismo econômico, porque desestabiliza a economia nacional.

José Medeiros também reclama das mudanças feitas pelo presidente Lula na Polícia Federal. Ele lembra que, quando o ex-presidente Bolsonaro tentou trocar um diretor da corporação, foi dito que não podia. Para o deputado, cabe ao Parlamento se posicionar para defender o País dos desmandos do novo governo.

Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) rebate declarações de membros do governo federal contra a autonomia do Banco Central. Segundo ele, os Bancos Centrais do mundo não são instituições de política social, e sim de equilíbrio monetário, o que exige independência em relação aos governos.

Luiz Philippe de Orleans e Bragança acrescenta que subordinar o Banco Central ao governo para fazer política social é uma grande aberração contra uma instituição criada para equilibrar a economia e, assim, garantir benefícios sociais no futuro.

Rogério Correia (PT-MG) conclama os deputados a aderirem a uma Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos e a fazerem um movimento nacional para que o País retome sua capacidade de investimento, de geração de emprego e renda.

Segundo Rogério Correia, não há como justificar a cobrança da mais alta taxa de juros do mundo no Brasil. O deputado cita o exemplo dos Estados Unidos, Japão, Suíça e outros países, que, segundo ele, mantém a taxa de juros abaixo da inflação, para garantir o desenvolvimento econômico.

Alexandre Lindenmeyer (PT-RS) defende que Roberto Campos Neto venha à Câmara prestar esclarecimentos sobre a política de juros. O deputado questiona se o Brasil está no caminho certo e se Campos Neto merecia mesmo o título de melhor presidente de Banco Central do mundo.

Alexandre Lindenmeyer acrescenta que para comandar uma instituição autônoma, como o Banco Central, o presidente deve ser isento, mas o parlamentar afirma que Campos Neto mostrou ter lado, fazendo campanha para o ex-presidente Bolsonaro.

Presidência

O presidente da Câmara reafirmou que a prioridade, no momento, é reforma tributária, e não a revisão de reformas já aprovadas pelo Congresso, inclusive a autonomia do Banco Central. O repórter Luiz Gustavo Xavier acompanhou evento em que Lira falou com o mercado financeiro.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que não há nenhum sentimento entre os parlamentares de rever votações de reformas já aprovadas no Congresso Nacional. Segundo ele, a legislação pode até ser aprimorada, mas não há como mudar radicalmente o que já foi aprovado há dois, três ou quatro anos pelos parlamentares, como a reforma trabalhista ou a autonomia do Banco Central, por exemplo. Lira participou de evento promovido pelo banco BTG Pactual nesta quarta-feira (15).

O presidente destacou que a pauta prioritária neste momento é a reforma tributária, e vê o governo, sobretudo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com foco na aprovação da proposta. Para Lira, qualquer avanço que ajude a desburocratizar e simplificar a cobrança de impostos no País é significativo. Ele defendeu a votação de uma reforma tributária possível.

Arthur Lira: O ministro Haddad está focado em fazer acontecer, o governo eleito está focado em fazer acontecer. E o Congresso Nacional já tentou votar isso, votamos o PL do Imposto de Renda e dos dividendos e está parado. Dificuldade vai haver, é um tema que pulsa, mas vamos tentar fazer uma reforma tributária possível nesse momento.

Lira defendeu que o texto que vai definir o novo marco fiscal do governo seja um texto médio que atenda a responsabilidade fiscal e os compromissos com a justiça social. Segundo ele, essa nova âncora, que vai substituir o atual teto de gastos, deve ser um texto moderado. Lira disse que acredita que tanto o ministério do Planejamento quanto o da Fazenda vão apresentar um texto equilibrado. Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a proposta de um novo arcabouço fiscal será apresentada em março ao Congresso Nacional.

Arthur Lira: Para que o ministério da Fazenda e do Planejamento, possam fornecer ao Congresso um texto, médio equilibrado, que trate da responsabilidade fiscal, sem esquecer a justiça social, um texto moderado. Esse terá aprovação.

Lira voltou a criticar a judicialização de propostas aprovadas por ampla maioria pelo Congresso e barradas por um quórum não qualificado pelo Supremo Tribunal Federal ou por decisões liminares monocráticas. Para ele, essas decisões têm impacto direto na segurança jurídica do País e atrapalham o investimento privado.

Arthur Lira explicou que, quando decisões que atingem o investidor, as empresas, a vida financeira do País, o questionamento de votações no Legislativo por maioria simples de 6 a 5 (no Plenário do STF) fragiliza e prejudica a segurança jurídica no País. Ele defendeu que certas decisões na Suprema Corte sejam por quórum qualificado de 3/5 do tribunal.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Luiz Gustavo Xavier

Política

Coronel Chrisóstomo (PL-RO) acusa a base governista de ignorar fatos passados que comprometem a imagem do PT. Segundo ele, durante a CPI do BNDES, que investigou possíveis crimes na instituição entre 2003 e 2016, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci declarou que cerca de um trilhão de reais haviam sido desviados.

De acordo com Coronel Chrisóstomo, os governos anteriores de Lula e Dilma foram responsáveis por arruinar as contas do BNDES, prejudicando toda a economia nacional. O parlamentar ainda garante que os governistas espalham notícias falsas indiscriminadamente.

Gustavo Gayer (PL-GO) afirma que as manifestações da direita sempre foram ordeiras e pacíficas e as da esquerda, violentas e destrutivas. Segundo ele, é desleal a tentativa de classificar cidadãos de direita como terroristas, uma vez que os protestos, muitas vezes, foram motivados pelo desejo de impedir a depredação de prédios públicos e privados por pessoas vestidas de vermelho.

Para Gustavo Gayer, uma das provas de que a direita sempre esteve empenhada em defender o patrimônio público é que são os partidos de oposição, e não os da base governista, os principais apoiadores de uma CPI para investigar os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro.

Tadeu Veneri (PT-PR) afirma que os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro representam a barbárie e a ignorância da extrema direita. Na visão do congressista, a sobrevivência da democracia está ligada à luta contra os indivíduos que não aceitam o contraditório e o debate de ideias, apelando para a violência.

Tadeu Veneri também critica o apoio que parte do Exército deu aos acampamentos que deram origem às invasões do dia 8 de janeiro. O congressista lembra que manifestantes ficaram acampados em frente a quartéis por mais de 30 dias.

Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) chama de golpista portaria publicada pelo Ministério da Justiça exigindo que armas de uso permitido ou restrito sejam registradas na Polícia Federal em até 60 dias. Segundo ele, a medida visa criminalizar o direito à legítima defesa de quem já tem suas armas cadastradas de acordo com a lei.

Delegado Paulo Bilynskyj argumenta que já existe uma outra portaria conjunta da Polícia Federal e do Exército, que cede as informações dos sistemas de cadastramento das duas instituições, o Sinarm e o Sigma respectivamente.

Homenagem

Luiz Couto (PT-PB) destaca que, se fosse vivo, Dom Helder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife, completaria 114 anos esse mês. Segundo o deputado, o religioso tinha como propósito de vida a defesa dos direitos humanos, da justiça e da paz.

Luiz Couto lembra que o bispo era conhecido mundialmente como “Dom Helder da Paz” e era defensor de uma igreja transformadora, que cuida dos pobres e oprimidos. Ele lembra que o religioso também cobrava providências dos políticos, dizendo que a missão deles era servir, e não serem servidos.

Votação

O Plenário da Câmara aprovou a redução do imposto cobrado sobre remessas de até 20 mil reais para brasileiros no exterior. O repórter Antonio Vital acompanhou a votação.

A Câmara dos Deputados aprovou medida provisória (MP 1138/22) que reduz o imposto cobrado sobre remessas de até R$ 20 mil reais para brasileiros no exterior.

A medida vai beneficiar quem está em viagens de turismo, negócios, serviço ou missão oficial em outros países.

A medida provisória, a primeira aprovada em 2023, foi editada no ano passado, ainda no governo Bolsonaro, mas contou com apoio da base do governo Lula.

Até a edição da MP, a alíquota cobrada sobre remessas ao exterior era de 25%. Este percentual caiu para 6% até o final de 2024. A partir daí vai subir um ponto percentual a cada ano, até atingir 9% em 2027.

O relator da medida provisória, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), rejeitou todas as emendas apresentadas e defendeu a aprovação do texto original. Segundo ele, a redução do imposto sobre remessas para o exterior beneficia empresas brasileiras de turismo, que concorrem com empresas estrangeiras, inclusive as que oferecem serviços pela internet.

Pedro Paulo: É uma medida fundamental para todas as empresas que operam no ramo turístico, as empresas nacionais, para que elas tenham capacidade de sobreviver e competir pós a pandemia da Covid-19 e também num mercado altamente competitivo. Hoje há uma proliferação enorme de sites, a internet rompeu fronteiras e é preciso que nós tenhamos um tratamento tributário competitivo com as empresas nacionais. Que elas possam competir internacionalmente.

A medida provisória foi aprovada de maneira simbólica, sem votos contrários, com apoio do governo e da oposição.

O deputado Kim Kataguiri (UNIÃO-SP) disse que a redução do imposto beneficia os brasileiros no exterior e as empresas nacionais.

Kim Kataguiri: Desde 2020 a alíquota que está sendo aplicada é de 25% no imposto de renda retido na fonte, 25%, enquanto a gente tem uma tributação menor das empresas exteriores. E o impacto é mínimo. O impacto fiscal é mínimo e já previsto dentro do nosso orçamento.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) classificou a MP como fundamental para o setor de turismo, o mais afetado pelas consequências da pandemia de Covid-19.

Erika Kokay: Nós somos favoráveis a esta medida provisória porque nós estamos falando de um setor que tem relevância no PIB. Estamos falando de um setor que foi extremamente penalizado nos últimos anos.

A medida provisória que reduz o imposto cobrado sobre remessas de até R$ 20 mil reais para brasileiros no exterior seguiu para análise do Senado.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Antonio Vital

Programa do Poder Legislativo com informações sobre as ações desenvolvidas na Câmara Federal e opiniões dos parlamentares

De segunda a sexta, das 19h às 20h