Rádio Câmara

Nesta edição do programa Papo de Futuro, a jornalista Beth Veloso dá dicas sobre como navegar com segurança na internet.

A internet segura depende de você. Acredite em mim. A  forma com você percebe a rede é o caminho para uma navegação segura. Basicamente, estar a salvo requer uma mudança de atitude perante a rede de computadores. A internet não é um shopping center como diz Christian Fuchs, um dos maiores pensadores da rede.

Não é um programa de auditório ou uma praça pública, como acredita Castells, o sociólogo da rede.

Não é um lugar para fazer amigos que nunca vamos encontrar. O desafio da rede é o mesmo que eu e você enfrentamos todos os dias.

A internet é a vida real. A realidade como a vemos, cheia de coisas boas e ruins.

A rede reproduz o cotidiano, no que ele tem de riscos e oportunidades.

Por isso, seja você mesmo na internet. Seja atento. Seja safo! Seja seguro!

Assim como na sua casa, tranque a porta ao entrar e sair dos computadores. Feche as redes sociais, faça o log off todos os dias. Não clique em links desconhecidos. Não faz falta que sejam  suspeitos. Se for comprar algo, informar sua senha ou dados pessoais, verifique se o site tem o cadeado fechado, aquele que fica no canto da página.

Caso contrário, dê meia volta e arrume outra forma de fazer o que pretende fazer.

Assim como na rua; na internet, não fale com estranhos. Não fale assuntos pessoais, digo. Não aceite presentes ou links de quem você não conhece.

Assim como nos bares e nas festas, não saia falando tudo o que pensa. Não repita o que não sabe.  Não passe recibo de tagarela ou ignorante. Não compartilhe dúvidas e depois pergunte: não sei se é verdade. Percebe que isso não faz sentido?

Assim como você faz na correria do trabalho, não responda pesquisas online nem use aplicativos para você ficar mais jovem ou para saber qual será o seu futuro, ou seja, não passe informações sobre si mesmo. Ninguém está te pagando por isso.

Para ser seguro na internet, a sua atitude deve ser minimalista.

Menos é mais.

É fácil falar para quem não trabalha na rede, quem não vive dela. Se não é o seu caso, mantenha ferramentas de segurança e trate de atualizar a versão do software do seu dispositivo e dos aplicativos sempre  que for pedido.

Assim como você não informa a sua senha do cartão na fila do banco, nunca, nunca, compartilhe as suas senhas da rede. Nem do Netflix ou qualquer outra plataforma online. Muitas vezes, a senha é a mesma para outro ambiente importante. Compartilhe vendas, compartilhe momentos, não senhas.

Crie uma regra lógica para atualizar a sua senha de vez em quando. Como, por exemplo, um nome, e o número de telefone e vá alternando os números e os símbolos.

Os maiores ataques chegam de maneira simples, ou seja, pelo seu e-mail ou pela conta de WhatsApp no computador. É o que ensina Fábio Costa, consultor da Associação Brasileira das empresas de Software, Abes, e especialista em códigos maliciosos e ataques avançados persistentes. A porta de entrada dos piores ataques, como os que sofreram vários tribunais, como o TRF-1, em 2020, foi, simplesmente, o email de um servidor da Justiça, simples assim. O ataque atingiu mais de 50 bases de dados.

Como no trânsito, também vale na net a máxima: na dúvida, não ultrapasse.

Não conte como certo o fato de que, se alguém sacar dinheiro da sua conta, o banco vai te ressarcir

Não imagine que a Apple e seu firewall, ou porta de fogo, vai impedir que seu computador seja invadido.

Não ache que está a salvo só porque você não vê ninguém do outro lado da tela do computador.

 O Brasil tem leis importantes. Muito foi feito pelo Congresso. O Marco civil da Internet, o Estatuto da Criança, a Lei Carolina Dieckmann, o Código de Defesa do Consumidor e o Código Penal. São leis que oferecem ferramentas para combater o crime virtual. Roubo de senhas, invasão de computador, clonagem de contas, golpes de toda natureza, golpes que utilizam a internet associada a uma chamada telefônica.

Mas, então, por que o crime digital não para de crescer?

As cifras de dinheiro roubado das contas em golpes deste tipo são milionárias e imprecisas. Nem vale a pena citar aqui. São abstrações.

Só o crime de divulgar pacotes de imagens pornográficas vendidas nas redes sociais, muitas delas com crianças, a preço de banana, cresceu mais de 40% só neste ano, disse Daniela de Almeida, da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara em junho deste ano. As autoridades que combatem os crimes se sentem a enxugar gelo. Elas pedem a aprovação do Projeto de Lei 3993/20[1], que exige a comprovação de maioridade para acesso a plataformas digitais e a sites de conteúdo adulto.

Porque o crime, para as empresas de aplicativos na internet, para as redes sociais, e para os criminosos, compensa.

A desinformação compensa.

A indústria pornográfica dá lucro.

Os golpes bancários movimentam a economia digital.

Precisa mais do que compromisso empresarial para combater tais condutas. 

Precisa de compromisso ético com os valores humanos, pois reduzir o fluxo na internet dá prejuízo para as empresas digitais.

Vou dar agora quatro dicas de ouro, para resumir tudo que falamos:

1. Não assista nem incentive pornografia
2. Não clique em links desconhecidos em redes sociais
3. Siga a sua intuição. Como diz a Camila Zen, a minha guru espiritual digital, use a sua cabeça para chegar ao seu coração: a sua intuição é o melhor sinal amarelo contra ataques cibernéticos. Acredite. Ela não falha.
4. Controle a sua ansiedade. Como? Faça detox de rede social. Ao vivo é melhor. Reduza o número de horas na rede. A calma que isso traz se converte em atenção plena. E atenção plena te salva de problemas na internet. Pensar primeiro, clicar depois. Postar, nem sempre. Saia do automático. Acredite. Funciona. Você é sua muralha contra o crime digital.

Para terminar, vamos com esta frase, de John Philpot, que eu adoro: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.

Até o próximo programa.

Internet segura e sem abuso para todos.

Interaja com a gente. Conte suas histórias e como se livrou de problemas enviando e-mail para papodefuturo@camara.leg.br

[1] Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/680533-projeto-exige-comprovacao-de-idade-para-acessar-site-de-conteudo-adulto/. Acessado em 03.10.2022.

O conteúdo deste comentário não representa a posição da Consultoria Legislativa, tampouco da Câmara dos Deputados, sendo de exclusiva responsabilidade da autora.

 Comentário – Beth Veloso

Apresentação – Marcio Achilles Sardi