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Plenário vai votar em outubro projeto sobre compra de energia elétrica

05/09/2022 - 20h00

  • Plenário vai votar em outubro projeto sobre compra de energia elétrica

  • Plenário vai votar em outubro projeto sobre compra de energia elétrica
  • Orçamento de 2023 deverá ser rediscutido após as eleições
  • Câmara cria observatório para monitorar presença de mulheres na política

A Câmara criou observatório para monitorar e promover ações para aumentar a presença das mulheres na política. Mais detalhes com o repórter Antonio Vital.

A Câmara dos Deputados criou um observatório para monitorar, coletar dados e propor ações para fortalecer a participação das mulheres na política e nos espaços de poder.

O Observatório Nacional da Mulher na Política faz agora parte da estrutura da Secretaria da Mulher da Câmara e será coordenado por uma deputada da bancada feminina.

Ele já existia desde o ano passado, mas como grupo de trabalho da secretaria. Mesmo assim, neste período acompanhou casos de violência de gênero contra as mulheres na política e disponibilizou dados e pesquisas com a participação de especialistas e parcerias com 20 instituições dedicadas ao tema.

A ideia do projeto (PRC 27/22), apresentado pela procuradora da Mulher na Câmara, deputada Tereza Nelma (PSD-AL), é tornar essa tarefa mais efetiva, não só no monitoramento, mas também com propostas efetivas voltadas par reduzir a desigualdade entre homens e mulheres na política.

Uma das prioridades é contribuir para aumentar o número de mulheres eleitas. Apesar de serem mais da metade da população, elas ocupam apenas 15% das cadeiras na Câmara.

Isso é um desafio, como disse a deputada Erika Kokay (PT-DF), que leu o parecer favorável à criação do observatório no Plenário.

Erika Kokay: Este observatório também vai se dedicar às violências políticas de gênero. Nós temos grandes desafios para a democracia neste país, um deles é acabar com a subrepresentação das mulheres no Parlamento. Nós temos uma subrepresentação e o percentual de mulheres nesta Casa se assemelha à participação de mulheres nos parlamentos de países onde ainda se usa burka. Temos, portanto, nossas burkas e mordaças invisibilizadas.

Entre as atribuições do observatório estão a elaboração de estudos sobre a presença da mulher nos espaços de poder e o acompanhamento da aplicação das leis que obrigam a participação feminina nas campanhas eleitorais e na vida partidária.

O observatório também vai monitorar a violência política contra a mulher e a participação das mulheres em todas as esferas de representação política.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Antonio Vital.

Eleições

Mudanças nas regras eleitorais e na legislação de combate à violência política devem levar à ampliação da bancada feminina na Câmara a partir do ano que vem. O tema foi debatido em seminário, como informa a repórter Lara Haje.

A deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) espera a eleição de no mínimo 25% de mulheres para a Câmara dos Deputados para a próxima legislatura. Hoje as deputadas ocupam 15% das cadeiras. A declaração foi dada em seminário de comemoração de um ano da lei de combate à violência política contra a mulher (Lei 14.192/21), publicada em agosto do ano passado.

No evento promovido pela Secretaria da Mulher e pela Procuradoria da Mulher na Câmara, também foram apresentadas outras normas que podem ajudar a aumentar o número de eleitas, conforme apontou Carmem Zanotto.

Carmen Zanotto: Eu tenho certeza que nós vamos ampliar a participação das mulheres na Câmara federal e quem sabe a gente chegue a 25% ou 30% já nesta legislatura, porque as ferramentas para isso estão sendo dadas, que são a questão do tempo de televisão e rádio, ocupação dos espaços dentro das executivas dos partidos, dentro dos diretórios, e também o financiamento, que é inegável que, sim, o financiamento ajuda em muito na campanha das mulheres.

Segundo a parlamentar, quando o financiamento era privado, os recursos destinados às candidatas não passavam de 5% a 10% do total. Decisão do Supremo Tribunal Federal de 2018 previu a destinação de no mínimo 30% dos recursos públicos destinados à campanha eleitoral para as candidaturas femininas. Este ano, uma Emenda Constitucional (EC 117) inseriu a regra na Constituição.

O analista legislativo João Carlos Costa chamou a atenção para o aumento do número de candidaturas femininas para a Câmara dos Deputados. De acordo com ele, o percentual de candidatas ao cargo passou de 31,6% nas últimas eleições para 34,5% nestas eleições.

Ele levanta a hipótese de que isso seja influenciado pela reforma eleitoral aprovada pelo Congresso no ano passado (Emenda Constitucional 111), que adotou novas regras para incentivar a eleição de mulheres e negros para a Câmara.

Os votos dados a mulheres e pessoas negras contarão em dobro para a distribuição de recursos do Fundo Eleitoral entre os partidos políticos na próxima eleição. Segundo o analista, o Piauí é o estado com mais mulheres candidatas à Câmara dos Deputados, com 41% do total de candidatos para o cargo.

João Carlos Costa frisou a importância ainda de novo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral de que as candidaturas de mulheres precisam receber os recursos com antecedência, e a Câmara dos Deputados está atenta a isso.

João Carlos Costa: Até a primeira parcial da prestação de contas, é necessário que os recursos já sejam disponibilizados, para que não aconteça como em 2018, quando muitas mulheres receberam recursos já na reta final, na última semana, e infelizmente não puderam gastar esse dinheiro e acabaram tendo que devolver. Então este dinheiro está lá, contabilmente, como recurso disponibilizado, mas não foi efetivamente utilizado por não haver tempo hábil na programação.

Segundo a assessora legislativa Danielle Gruneich, a Justiça já se adaptou, em grande parte, para a aplicação da lei de combate à violência política. Ela explicou que muitas mulheres sofrem violência política por meio de disparos em massa no WhatsApp.

O Tribunal Superior Eleitoral recebe denúncias de contas suspeitas de promover os disparos e informa ao serviço, que verifica as contas. Danielle destacou ainda que o Ministério Público Federal e o Conselho Nacional de Justiça abriram canais específicos para o recebimento de denúncias de violência política contra mulheres.

No seminário, também foi lançado um sistema para monitorar e analisar indicadores com recorte de gênero nas eleições. Para encontrar o Observatório Nacional da Mulher na Política, da Câmara dos Deputados, basta digitar o nome em sistemas de busca na internet.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Lara Haje.

Orçamento

Já está no Congresso o projeto de lei para elaboração do Orçamento de 2023, mas logo de saída o governo afirma que ele será rediscutido após as eleições. A repórter Sílvia Mugnatto acompanhou a coletiva em que o ministério da Economia explicou os números da proposta.

O Congresso Nacional recebeu nesta quarta-feira o projeto de lei do Orçamento de 2023 que traz um Auxílio Brasil de R$ 405, a manutenção da tabela de Imposto de Renda da pessoa física que vigora desde 2015 e uma correção do salário mínimo sem aumento real, ou seja, acima da inflação.

O secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, disse que, após as eleições, serão buscadas fontes de recursos para manter o auxílio de R$ 600 em 2023 e para reajustar a tabela.

A estimativa para o salário mínimo é a de que ele passe de R$ 1.212 para R$ 1.302 em 2023, mas o valor correto ainda depende da variação final da inflação em 2022. Segundo Colnago, o custo dos R$ 200 a mais do auxílio é de R$ 52 bilhões e o governo tem menos de R$ 100 bilhões para custear toda a máquina pública; ou seja, sem considerar despesas obrigatórias como pessoal e previdência.

O secretário disse que o Executivo está sendo “prudente” com as despesas porque as receitas estão impactadas com novas desonerações tributárias, principalmente na área de combustíveis, que devem ser mantidas, no valor de R$ 80,2 bilhões.

O Orçamento total é de R$ 5 trilhões, mas mais da metade deste valor é usado para custear a dívida pública. Dívida essa que deve crescer em 2023, passando de 78% para 79% do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB é o valor de tudo o que o país produz em um ano. A estimativa é a de que a dívida só comece a cair em 2025. Para elaborar o Orçamento de 2023, o governo trabalhou com um crescimento da economia de 2,5% em 2023 e uma inflação de 4,5%.

O governo espera ter um déficit menor em 2023, mas Colnago afirma que é preciso rediscutir a sustentabilidade das contas:

Esteves Colnago: Se eu tivesse que escolher alguma coisa dentro de alteração no orçamento para fazer seria retirar a obrigatoriedade de indexar, corrigir pela inflação algumas despesas.

A despesa com a previdência, segundo Colnago, está estacionada em 8,1% do PIB e a despesa com pessoal passou de 4,3% para 3,5%; o que o secretário chamou de “reforma administrativa silenciosa”. O total de servidores vem caindo desde 2017 e está hoje em 569.217 pessoas, quantidade semelhante à de 2009.

O secretário Esteves Colnago explicou que os parlamentares terão R$ 19,4 bilhões para emendas individuais e de bancadas estaduais e o mesmo valor foi reservado para as chamadas “emendas de relator”.

Colnago espera que o relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), destine pelo menos 50% do valor para a área de saúde como acontece com as demais emendas. E o projeto também propõe que R$ 3,5 bilhões das emendas de relator sejam alocados para reajuste de pessoal. Para Colnago, a tendência é a de que as emendas de relator, dado o volume que representam, fiquem mais alinhadas com as políticas públicas.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Sílvia Mugnatto.

Trabalho

Augusto Coutinho (Republicanos-PE) assinala a importância da aprovação do projeto de lei, relatado por ele, que pretende configurar como relação trabalhista a estabelecida entre as empresas operadoras de aplicativos de transporte e os motoristas que, predominantemente, trabalham para elas.

Augusto Coutinho: Hoje, segundo dados que nos constam, 945 mil motoristas de aplicativos atuam no Brasil, um país que tem mais de 10 milhões de desempregados. Então, sem dúvida é uma fonte importante de emprego que se tem para o Brasil. E nós precisamos encontrar uma fórmula equilibrada para que a gente dê segurança aos trabalhadores, sem inviabilizar a existência desses aplicativos.

Augusto Coutinho ressalta a necessidade de garantir segurança jurídica tanto para os trabalhadores como para as empresas administradoras dos aplicativos de transporte. Para ele, é dever da Câmara regulamentar o assunto.

Comissões

A Comissão de Constituição e Justiça aprovou projeto que exclui o adicional de periculosidade de transporte de combustível para uso próprio. O objetivo é evitar a judicialização de demandas, como explica a repórter Noéli Nobre.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto (PL 1949/21) que deixa claro na legislação que as quantidades de inflamáveis contidas nos tanques de combustíveis originais e suplementares dos veículos – para consumo próprio – não serão consideradas como atividades ou operações perigosas que impliquem riscos ao trabalhador, a ponto de constituir direito ao adicional de periculosidade.

A proposta altera a CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho. O texto, do deputado Celso Maldaner (MDB-SC), foi aprovado por recomendação do relator, deputado Darci de Matos (PSD-SC).

Darci de Matos: Esse projeto é fundamental porque trata do tanque suplementar dos caminhões. Há muitos processos trabalhistas pedindo a periculosidade, o que tem causado problemas para o setor produtivo no Brasil.

Atualmente, a CLT considera atividades perigosas aquelas que impliquem risco acentuado em razão da exposição do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica. Ou seja, a norma caracteriza trabalho em condições de periculosidade independentemente da quantidade de inflamáveis e da função desse inflamável no veículo, o que asseguraria ao empregado um adicional de 30% sobre o salário.

O projeto que muda esse entendimento e deixa claro na legislação que as quantidades de inflamáveis contidas nos tanques de combustíveis dos veículos não serão consideradas para efeito de adicional de periculosidade pode seguir agora para o Senado Federal, a menos que haja pedido para que seja votado também pelo Plenário da Câmara.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Noéli Nobre.

Economia

Bohn Gass (PT-RS) condena a intenção de se privatizar empresas importantes para o desenvolvimento nacional, como os Correios e a Petrobras. Segundo o deputado, as empresas que se interessam pela compra das estatais querem apenas lucrar às custas do povo brasileiro.

Bohn Gass: Por isso eu apresentei projetos de decreto legislativo para não serem privatizados os Correios. É fundamental mantermos os Correios públicos para poder ter transporte, hoje, principalmente das encomendas que são feitas por sistemas virtuais. E também o PDL que é para a Petrobras não ser vendida porque, no momento em que tu tens uma indústria de desenvolvimento do Brasil que pode interferir para que a gente não pague tão caro o diesel, o gás de cozinha, a gasolina, é fundamental que a gente a tenha como estrutura do povo brasileiro.

Bohn Gass dá como exemplo o caso da Eletrobras, que, depois de vendida, piorou a prestação dos serviços e ainda aumentou as tarifas de energia. Segundo o deputado, vários países têm feito o movimento contrário, voltando a reestatizar empresas públicas que haviam sido vendidas.

Votação

O Plenário da Câmara vai votar em outubro projeto que autoriza os consumidores a comprarem energia elétrica de qualquer distribuidora. O repórter Antonio Vital acompanhou o anúncio feito após a retirada de trecho sobre o tema de uma medida provisória que estava em votação.

A Câmara dos Deputados vai votar em outubro, depois das eleições, projeto (PL 414/21), já aprovado pelo Senado, que amplia o acesso ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores, inclusive os de baixa tensão, residenciais.

O projeto permite que os consumidores comprem energia de qualquer distribuidora, o que pode baratear a conta de luz.

O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), depois que o Plenário rejeitou trecho de medida provisória (MP 1119/22) que liberava médios consumidores a comprarem energia elétrica de qualquer distribuidora.

O trecho rejeitado tinha sido acrescentado pelo relator, deputado Danilo Forte (UNIÃO-CE), no texto da medida provisória que tratava de benefícios fiscais para empresas que adquirirem combustíveis nos postos.

O trecho autorizava consumidores que gastam mais de 500 Kilowatts de energia, chamados de consumidores especiais, a adquirirem energia elétrica de qualquer concessionária. Esses consumidores são aqueles que pagam em média R$ 60 mil reais de energia.

Atualmente, os consumidores especiais só podem ser abastecidos por usinas de fontes renováveis, como as eólicas ou pequenas centrais hidrelétricas. E a compra da energia de qualquer concessionária, hoje, está limitada aos grandes consumidores e precisa de aval da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel.

O trecho foi retirado da proposta a partir de pedido do deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG). Ele argumentou que, na prática, o trecho liberava estes consumidores a entrarem no chamado mercado livre de energia, assunto complexo que já está sendo tratado em um projeto específico.

Lafayette de Andrada: Ele está, na prática, instituindo a partir de 1o de janeiro de 2023, daqui a três meses e meio, o mercado livre no Brasil. O mercado livre de energia é algo salutar, desde que tomadas um conjunto de providências que precisam ser tomadas para organizar todo o setor elétrico. O mercado livre só funciona se houver paridade entre os disputantes. O sistema atual tem incentivos para alguns setores, não tem para outros.

Apesar da retirada do trecho, o relator da medida provisória, deputado Danilo Forte, comemorou o anúncio de que o projeto sobre mercado livre de energia será colocado em votação. Ele disse que o assunto precisa ser enfrentado pela Câmara.

Danilo Forte: Essa era a medida que mais democratizava o acesso porque hoje os grandes consumidores já estão dentro do mercado livre. Os ricos já estão dentro do mercado livre. Agora o açougueiro, o bodegueiro, o condomínio da periferia, esse que ia entrar exatamente com esta medida. E toda vida se posterga. Tem dois anos que esta casa discute o mercado livre e não consegue votar o 414.

A discussão se deu durante a votação de medida provisória (MP 1119/22) que impede que empresas de transporte, caminhoneiros autônomos e outras pessoas jurídicas que compram combustíveis nos postos tenham direito a benefício fiscal, aprovado no início do ano, que zerou a alíquota de PIS/Cofins sobre óleo diesel, biodiesel, gás liquefeito de petróleo e querosene de aviação.

Dessa forma, apenas os produtores e revendedores desses combustíveis terão direito ao crédito relativo ao benefício fiscal.

De acordo com o governo, a redação da lei anterior causava insegurança jurídica ao estender ao consumidor final crédito relativo a tributos que tiveram a alíquota zerada como maneira de reduzir o preço dos combustíveis.

Depois de aprovada pela Câmara, esta medida provisória foi enviada para análise do Senado.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Antonio Vital.

Programa do Poder Legislativo com informações sobre as ações desenvolvidas na Câmara Federal e opiniões dos parlamentares

De segunda a sexta, das 19h às 20h